Portugueses - Exposiçao Universal de Paris, 1878

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Portugueses - Exposiçao Universal de Paris, 1878

#57865 | G58 | 13 fev 2004 14:47

Gostaria de saber como e onde poderei aceder à lista dos portugueses distinguidos na Exposição Universal de Paris de 1878.
Poder-me-á ser dada esta informação?
Com os melhores cumprimentos
Mª Graça Teixeira

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RE: Portugueses - Exposiçao Universal de Paris, 1878

#57868 | camisao65 | 13 fev 2004 15:19 | Em resposta a: #57865

Cara Mª Graça Teixeira,

Retirado do Dicionário Histórico de Portugal, e outros:

-Lupi (Miguel Ângelo).

n. 8 de Maio de 1826.
f. 26 de Fevereiro de 1883.



Professor de pintura histórica na Academia de Belas Artes de Lisboa.

N. nesta cidade a 8 de Maio de 1826, onde também fal. em 26 de Fevereiro de 1883. Era filho de Francisco Lupi, de origem italiana, e de D. Maria do Carmo Lupi.

Mostrando desde criança muita vocação para o desenho, matriculou-se na Academia de Belas Artes em 4 de Fevereiro de 1811, na aula de desenho histórico. Fez um curso brilhantíssimo, sendo premiado nos três anos lectivos de 1841 a 1843. Em 15 de Fevereiro de 1864 entregou-se definitivamente aos estudos da pintura histórica, que era a sua predilecção. Reflectindo, porém, que se não tivesse outro modo de vida, lutaria com a falta de recursos para se sustentar, primeiro que chegasse pela arte a auferir razoáveis lucros, resolveu empregar-se, e em Maio de 1849 entrou para a Imprensa Nacional num lugar de amanuense da contadoria, onde permaneceu até Abril de 1851, ano em que obteve o lugar de contador na junta de fazenda na província de Angola, para onde partiu a tomar posse do seu novo emprego, de que se exonerou a 27 de Setembro de 1853, regressando então a Lisboa. Em 12 de Outubro de 1855 saiu o decreto que o nomeava aspirante de 2.ª classe da repartição de fazenda do distrito do Porto; lugar que não chegou a exercer, por ter sido transferido em 24 do mesmo mês para aspirante de 2.ª classe da direcção do Tribunal de Contas, sendo logo em seguida nomeado amanuense do mesmo tribunal, pelo decreto de 26 de Agosto de 1859.

Lupi passara os melhores anos da mocidade no exercício das suas funções oficiais, mas não largara nunca o pincel e a paleta, resignando-se a trabalhar como simples amador de pintura e esse facto lhe valeu o ser encarregado de pintar o retrato de D. Pedro V para o tribunal, e ainda hoje se vê numa das suas salas. Lupi pôde finalmente realizar as suas aspirações artísticas. A exposição daquele quadro bastou para revelar ao público um verdadeiro talento, augurando-lhe um glorioso futuro artístico. 0 governo estabeleceu-lhe uma pensão para estudar em Itália, resolução que foi acolhida com geral aplauso, e em 1860 partiu Miguel Ângelo Lupi para Roma, regressando à pátria em Novembro de 1863. 0 primeiro quadro da sua notável e vastíssima colecção, o que pintou em Roma, chamava-se D. João de Portugal, tendo por assunto a cena final do 2.º acto do drama Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett.

Diz Pinheiro Chagas na biografia do grande pintor, que publicou em 1883, no Occidente, vol. VI, pág. 66, 78 e 86:

«O assunto foi admiravelmente escolhido. Se a execução não corresponde completamente ao arrojo, foi porque um artista, privado por tanto tempo dos meios de estudar e de progredir, começando agora de novo aos trinta e quatro anos a sua carreira, não podia atingir desde logo aos píncaros a que o seu génio depois o levantou. É certo que o quadro tem pouca perspectiva. A sala não se desenrola bem diante do espectador, nem a galeria dos quadros se prolonga bem pela parede fora. As duas figuras principais atropelam‑se um pouco. Sobretudo o colorido é fraco. Mas em compensação, que admirável fisionomia a de D. Madalena de Vilhena! Como o terror se pinta bem no seu rosto angustiado! Como se percebe que uma catástrofe súbita a fulminou em plena tranquilidade. Gosto menos da fisionomia do romeiro. A expressão é mais vaga. Não se adivinha no seu rosto, um pouco de cliché, que tanto, pode ser o de Rui Gomes da Silva do Hernâni, como o do Barba Roxa dos Burgraves, as paixões e os sentimentos que o agitam; mas, fossem quais fossem os defeitos que se pudessem notar no quadro, o que ele desde logo revelava era uma tendência notabilíssima para pintar a figura humana, sobretudo uma predilecção especial pelos rostos femininos, que sabia pintar com inexcedível delicadeza de toques. Estava ali evidentemente um grande pintor histórico, um homem fadado para arrancar da sombra da história as figuras que no seu primeiro plano se agitam e faze-las reviver na tela. Por isso quando Lupi foi a concurso para a cadeira de pintura histórica, executando para esse concurso a belíssima tela, que intitulou Um beijo de Judas, o público saudou com verdadeiro entusiasmo a sua nomeação.»

Lupi tornou-se o artista predilecto do público. Nas exposições da Sociedade Promotora de Belas Artes de 1863 e 1864, os visitantes agrupavam-se de preferência na frente dos seus quadros. Nesta ultima exposição, o quadro Esperança e saudade conquistou os mais sinceros aplausos do público: Em Janeiro de 1834 recebeu a nomeação de professor interino da cadeira de desenho histórico. Em 1867 foi a Paris em comissão do governo, inspeccionar os trabalhos do monumento de D. Pedro IV, que ali se estava fazendo: Parece que foi essa a única missão oficial de que se encarregou, depois de ter sido nomeado lente da Academia de Belas Artes. Algum tempo depois de regressar de Paris tomou posse, como efectivo, do seu lugar de professor dá cadeira de pintura histórica. Os seus quadros apareceram na exposição de Madrid em 1871, recebendo prémio o que se intitulava Mãe; na exposição universal de Paris, em 1878, também foi premiado o seu quadro As lavadeiras do Mondego. Lupi era também um retratista de primeira ordem; apanhava a semelhança com uma facilidade surpreendente.

Além dos quadros apontados, sabemos dos seguintes; históricos, de género ou de paisagem: A Esmola do Espírito Santo, 0 Tintoretto, que foi adquirido pelo rei D. Luís I, A Espera, Leitura, de uma carta, A Costureira, Confidência, Salvai-­o, que foi vendido para Londres, Aguadeira, Forte da Guia, Os dois escravos, eram os retratos de dois pretos pertencentes a Serpa Pinto; O Crepúsculo, A Família, que pertence à Sr.ª condessa de Edla, Lição de bordado, Esboceto de Vasco da Gama, Cartão de Egas Moniz, O Marquês de Pombal determinando a edificação de Lisboa,, quadro encomendado pela câmara municipal, e que figura na sala das sessões da mesma Câmara; e muitos outros. Retratos, temos conhecimento dos seguintes: D. Luís I; D. Fernando II, Wisse Dahi, arcebispo de Goa, José da Costa Pereira e filhos, visconde de Castilho (António Feliciano de Castilho), viscondessa de Castilho (D. Cândida), duque de Ávila, marquesa de Belas, Ferreira do Amaral, visconde de Penalva de Alva, Condessa de Gerás do Lima, conde de Castro, general Filipe Folque, visconde de Condeixa, Bulhão Pato, Venâncio Deslandes, marquesa do Faial, mãe do Dr. Sousa Martins, João Lupi, Matoso da Camada, Emília Adelaide, Augusto Rosa; baronesa da Folgosa, Veiga Barreira, um filho de Pinheiro Chagas, e retratos de pessoas da família de Miguel Ângelo Lupi. O notável artista faleceu aos 56 anos de idade, e a sua morte foi justamente pranteada, Escreveu: Catalogo dos projectos para o monumento de sua magestade imperial o senhor D. Pedro IV, recebidos em virtude do concurso aberto em 20 de março de 1864 pela commissão nomeada para tratar do monumento, Lisboa, 1865; com 1 estampa litografada; foi reproduzido em diversos numeres da Gazeta de Portugal; A reforma da Academia Real de Bellas Artes de Lisboa; Depois da sua morte publicou-se um Catalogo dos quadros, aguarellas, e desenhos, obras do fallecido Miguel Angelo Lupi, leilão na Academia de Belas Artes, em 16 de Dezembro de 1883 e dias seguintes; Lisboa, 1883.

Ocidente (O).

Revista ilustrada fundada em 1877, propriedade do conhecido gravador Caetano Alberto da Silva (V. no vol. 1, pag. 127), cujo primeiro número saiu em 1 de Janeiro de 1878, contando portanto mais de trinta anos de publicação.

Para se avaliar da importância e do merecimento deste periódico convém conhecer um pouco a historia das publicações similares entre nós. Vêem de 1837 as tentativas de publicações periódicas ilustradas, pelo Ramalhete, primeira de que temos conhecimento. Depois veio o Panorama, de boa memória, o qual teve três editores em épocas diferentes, sendo a última por 1866 a 1868, chegando a sua colecção a 18 vol. A Revista Popular, de Fradesso da Silveira, não teve longa vida. Contudo o público recebeu bem essas publicações e muito especialmente o Panorama que ainda hoje é, com justiça, citado, principalmente por seus belos artigos, dos patriarcas das letras, como Alexandre Herculano, Rebelo da Silva, etc. Citaremos ainda: Jornal de Bellas-Artes, 1848, 1857; Illustração, 1845, 1852; Illustração Luso-Brazileira, 1856; Archivo Familiar, 1857. Mas se estas publicações primavam por seus escritos, deixavam muito a desejar por suas estampas, a maioria delas clichés estrangeiros ou gravuras rudimentares e pior impressas. Por 1856 apareceu o Archivo Pittoresco, editado por Castro, Irmão & C.ª, benemérita empresa que se esforçou para levantar a arte de gravura em madeira e que conseguiu, através de mil dificuldades, publicar onze volumes daquele semanário que terminou em 1868. Em 1871 aparece no Porto o Archivo Popular que não adianta nada em suas ilustrações. Em 1872, publicava-se em Lisboa Artes e Letras e aí vêem-se algumas gravuras originais, e clichés estrangeiros. O Universo Illustrado, publicado em 1877, também estampa algumas gravuras portuguesas, mas em diminuto numero que não chamam a atenção pública. É neste ano que aparece os Dois Mundos, ilustração publicada em Paris, em língua portuguesa com gravuras estrangeiras. Esta publicação seria uma glória para Portugal se fosse produto da arte portuguesa, mas feita em Paris, não tinha a mesma significação nem interesse para o país a que se destinava. Quando isto acontecia já em Portugal havia elementos para se produzir uma revista ilustrada que afirmasse os progressos da arte portuguesa e por isso tivesse expressão nacional. Para a impressão, parte importante de uma folha ilustrada, havia Adolpho Lallemant., que tinha a grande escola da tipografia francesa.

A maior dificuldade para fazer uma revista ilustrada com suficientes gravuras que correspondesse aos acontecimentos e à reprodução de obras de arte, era a quantidade de gravadores aptos para produzir essas gravuras. Não os havendo no país seria mister contratá-los fora, mas nesse caso importava tanto como mandar vir as gravuras do estrangeiro, e a revista assim feita continuava a ser as penas de pavão a enfeitar a ilustração portuguesa. Era preciso criar artistas gravadores, pois desenhadores não faltavam. Foi o que fizeram Caetano Alberto e Manuel de Macedo; o primeiro como gravador e o segundo como desenhador ilustrativo. A publicação dos Dois Mundos determinou o momento para se pôr em prática o que já vinha de algum tempo planeado e no 1.º de Janeiro de 1878 aparece o Occidente, Revista ilustrada de Portugal e do Estrangeiro, tendo por fundadores Guilherme de Azevedo, Manuel de Macedo, Brito Rebelo e Caetano Alberto, que fornece também o capital. A administração foi confiada a Francisco António das Mercês, pessoa da inteira confiança de Caetano Alberto, e que honradamente se desempenhou desse cargo por mais de doze anos, e que só o deixou por impossibilidade de o acumular com as suas funções oficiais. Os artistas gravadores fundadores que faziam parte do atelier de gravura, ensinados e dirigidos por Caetano Alberto, eram Rosalino Cândido Feijó, Manuel Diogo Neto, Domingos Caselas Branco, Jorge dos Reis, José Augusto de Oliveira, José António Kjolner e A. Francisco Vilaça, alguns destes já falecidos. Poucas publicações terão sido acolhidas pelo público com o entusiasmo e interesse que o Occidente despertou. Para o Bureau de la presse da Exposição Universal de Paris de 1878, foi enviado o Occidente e naquele certame lhe foi conferida uma menção honrosa.

Grande número de publicações ilustradas periódicas apareceram nestes últimos 40 anos, feitas no país e no estrangeiro em língua portuguesa, sem contudo lograrem existência duradoira. Citaremos as que nos ocorrem no momento: Museu Illustrado, Semana Illustrada, Atheneu Artistico Litterario, Chronica Illustrada, Portugal Pittoresco, Renascença, Jor­nal do Domingo, A Arte, A Arte Portugueza, IIlustração Universal, Illustração Portugueza, A Illustração, feita em Paris, Illustração de Por­tugal e Brazil, feita em Barcelona, Revista Illustrada, Revista Moderna, Correio da Europa, Brazil-Portugal e Mala da Europa, ainda em publicação as duas últimas, mas quantas mais que seria fastidioso enumerar e que todas passavam à história. Recordar as dificuldades que foi mister vencer para levar por diante esta empresa será difícil. Quanta vida se gastou em trabalho, talvez superior a forças humanas! Caetano Alberto, sobre quem pesava a responsabilidade do cometimento, tinha que trabalhar por si e dirigir o trabalho de seus discípulos, emendando, retocando e acabando a maior parte das gravuras. O capital estava mais nos braços do que na carteira, e contudo era preciso satisfazer pontualmente todos os compromissos.

O Occidente viveria, mas o seu proprietário trabalhava dezoito e mais horas por dia, durante bastantes anos. Era o grande capital do trabalho. O resultado deste esforço foi uma grave doença, que, em 1884, acometeu Caetano Alberto e o prostrou por mais de 2 anos. Manuel de Macedo também sofreu as consequências de um trabalho aturado, pois era ele quem mais desenhava e em todos os géneros para o Occidente. Ao fim de 5 anos sobreveio-lhe uma doença de olhos que o ia deixando cego. Como prémio de tanto trabalho, devemos ainda mencionar as recompensas conferidas ao Occidente, nas exposições onde tem sido apresentado. Além da Exposição Universal de Paris de 1878, a que já nos referimos, foi dada ao Occidente medalha de cobre na Exposição lndustrial Portuguesa de 1888; igual recompensa teve na Exposição Internacional de Anvers de 1894; Grande Diploma de Honra na Exposição de Imprensa de 1893, onde era esta a maior distinção; na Exposição Universal de Paris de 1900, medalha de cobre; e grand-prix

1878 A Companhia União Fabril conquista o primeiro prémio na Exposição Universal de Paris.

SOARES DOS REIS

(Escultor, 1847 - 1889)



Cristina Vaz



MÁ SORTE SER "DESTERRADO"...
QUANDO TUDO ACONTECEU



1847: Nasce na freguesia de Mafamude, Vila Nova de Gaia - 1861: É admitido na Academia de Belas Artes do Porto - 1866: Conclui o curso - 1867: Vai para Paris como pensionista - 1870: Regressa ao Porto - 1871: Vai para Roma; executa "O Desterrado" -1872: Regressa ao Porto. É nomeado académico de Mérito da Academia do Porto - 1873: 1º atelier no Porto - 1875: É nomeado Académico de Mérito pela Academia de Belas Artes de Lisboa - 1878: Menção honrosa na Exposição Universal de Paris - 1880: É admitido como professor na Academia de Belas Artes do Porto - 1879 : Organiza a criação do Centro Artístico Portuense; colabora como repórter artístico na revista "Ocidente"- 1881: É-lhe atribuído o 1º Prémio Exposição de Madrid ; é agraciado com o Grau de Cavaleiro da Ordem de Carlos III - 1885: Casa com Amélia Macedo - 1887: Abandona o Centro Artístico Portuense; executa a estátua de Afonso Henriques - Guimarães - 1889: Suicida-se no seu atelier em Vila Nova de Gaia.


Melhores cumprimentos


Luis Camizão

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RE: Portugueses - Exposiçao Universal de Paris, 1878

#57879 | G58 | 13 fev 2004 16:12 | Em resposta a: #57865

Caro Luis Camizão
Muito obrigada pelas suas informações.
Quanto ao tópico : " Portugueses - Exposição Universal de Paris, 1878 ", o meu interesse incide especialmente em conhecer a razão pela qual o bisavô de meu marido foi distinguido com medalha de bronze e diploma ( grupo VII- classe 69 ) assinado pelo Ministro da Agricultura e Comércio francês, em Paris 21.10.1878.
O bisavô em questão chamava-se Manuel Diogo Coelho e era natural de Castelo de Vide .
Com os melhores cumprimentos
Mª Graça Teixeira

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