Tese de Alão de Moraes sobre os primeiros Furtados

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Tese de Alão de Moraes sobre os primeiros Furtados

#12989 | Manoel Furtado | 15 nov 2001 18:02

Caros amigos,

No artigo do Dr. Manuel Lamas, "Ao redor dos primeiros Mendonças Açorianos - Comentários a um parágrafo de Gaspar Frutuoso", há uma referência à tese de Alão de Moraes in "Pedatura Lusitana", Braga, 1998, vol. VI, p.221, que revela a existência de um testamento conservado no cartório das freiras de São Bento do Porto, datado de 1092.
Para melhor ilustrar reproduzo o trecho do artigo do Dr,. Manuel Lamas:

".... Referimo-nos à tese de Alão de Moraes, segundo a qual o primeiro Furtado de que é possível fazer derivar documentalmente os deste apelido em Portugal, Fernão Furtado, membro da casa do Infante D. Dinis em 1278, seria provavelmente neto de Fernão Pires Furtado que, de acordo com um testamento conservado no cartório das freiras de São Bento do Porto era, por seu turno, filho de Pero Furtado e de Marinha Gilbertiz, que nos aparecem em 1092 como vendedores de uma herdade em Manhucelos (Marco de Canavezes). Aparentemente uma família do Norte, talvez de ricos-homens, que parece ter tido descendentes vivendo no Porto com a categoria de escudeiros, no final do sec. XIII. A confirmar-se esta ascendência, a ligação dos Furtados portugueses à nobreza da Corte só viria a acentuar-se na geração do pai do capitão do mar Afonso Furtado.
Não é esta a ocasião de explorar as teses em confronto. Limitamo-nos a registá-las por parecerem relevantes para o que nos ocupa, e a suscitar o intrigante problema da origem destes Furtados, anteriores à nacionalidade, e que podem nada ter em comum com os Furtados espanhóis. E também, nesta ordem de raciocínio, a não menos problemática questão da sua aliança com os Mendonças, uma vez que o uso destes dois apelidos conjugados em Portugal parece comprovar-se documentalmente apenas na chancelaria de Dom Afonso V, com Afonso Furtado de Mendonça (filho do capitão do mar de D. João I, Afonso Furtado), e no Livro das Ilhas, como já vimos , no tocante a Rodrigo de Mendonça. ...."

Bem, é a primeira vez que vi referência a este documento de 1092. Pergunto-me, de imediato, se esta data não se refere à "era", pois se realmente for o ano de 1092, pode ir de vez por terra a tese de Salazar y Castro, tradicionalmente aceita com algumas sérias reservas quanto à cronologia. Curioso, também, é a referência de Salazar y Castro ao Pedro Fernandez, 1º mestre da Ordem de Santiago, tido por ele como Furtado de acordo com Alfonso Chacón que na sua "Vida do papa Alexandre III", nomeia o fundador como "Pedro Fernández ab Furtado". Canal Sánchez-Pagín in "Pedro Fernández, primer maestre de Santiago" _ artigo publicado no Anuario de Estudios Medievales, nº 14, Barcelona, 1984 _ não aceita a tese de Salazar y Castro nem a de Alfonso Chacón e prefere concluir que o primeiro mestre era filho de don Fernando García de Hita e sua esposa, doña Estefanía Armengol, num grau de possibilidade de 50 por 100. De meu lado, lendo a matéria, acho um tanto frágil a tese de Sánchez-Pagín que elimina Fernando Perez de Lara, o Furtado, filho da dona Urraca, como pai do mestre apenas por questões cronológicas, o que a meu ver é o contrário, já que o filho de Fernando de Hita seria velho demais para uma função tipicamente militar à época, apesar de religiosa.

O assunto é um tanto complicado para ser resumido aqui e o que me deixou curioso foi a menção de um Pedro Furtado no documento citado por Alão de Moraes.
Estando no Brasil e longe das fontes, gostaria de pedir a algum amigo do Forum que tenha interesse no assunto, a informação de como poderia eu ter acesso ao teor desse documento de 1092 (?) que está no cartório das freiras de São Bento do Porto.


Abraço,
Manoel
mcfurtado@netsite.com.br

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RE: Tese de Alão de Moraes sobre os primeiros Furtados

#13032 | pimentel | 16 nov 2001 12:33 | Em resposta a: #12989

Caro Manuel

não sei se a torre do tombo tem o seu acervo, on-line, mas o arq distrital de braga tem:
pode consultar os documentos (onde o mais antigo é do sec X, em:
www.geira.pt/pesquisa/golfinho.html

ou as inquiriçoes de genere em www.adb.pt

a pesquisa é por campos, se introduzir a palavra furtado em "resumo 1" aparecem todos os documentos que tenham este nome, desde já lhe digo que por exemplo o da cota 6410 livro 16 de 1334/11/17 refere um furtado.

um abraço
Francisco Pimentel

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RE: Tese de Alão de Moraes sobre os primeiros Furtados

#13080 | magalp | 17 nov 2001 01:17 | Em resposta a: #12989

Caro Manoel Furtado

Essa quinta de Manhucelos ou Manhocelos foi propriedade dum antepassado meu João de Sousa Magalhães,por herança de sua avó D.Luísa de Aguiar,natural de Fornos de Arouca, a qual fora herdada dum seu tio, Pedro de Aguiar, cónego em Lamego. Este João Magalhães entre os muitos estragos q. fez (cerca de 1720) foi o de vender a dita quinta a estranhos. Todavia acertou com o casamento - D.Ana Vieira, da Casa do Ribeiro, Sta. Maria de Rozém, sobreviveu ao infeliz marido e soube conservar o seu importante dote, as Casas de Vilacetinho, Várzea e Pinheiral, ainda hoje de posse de descendentes directos.
Não conhecia tão antiga referencia a Manhocelos.
O cartório q. refere, das monjas de S.Bento da Avé Maria (actual estação de s. Bento, do Porto) está todo e consultável, na BMP/Biblioteca do Porto.
Cmptos.
M.Magalhães

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RE: Tese de Alão de Moraes sobre os primeiros Furtados

#13126 | Manoel Furtado | 17 nov 2001 23:03 | Em resposta a: #13080

Caros Francisco Pimentel e M. Magalhães,

Muito obrigado pelas informações. No arq. de Braga achei a Maria Annes Furtado doc. em 1334, casada com Domingos Lourenço, moradora em Azoios. Vou tentar os arq. do Porto.
Não tenho ainda acesso à obra de Alão de Moraes, escrita por volta de 1680, considerado por L.B. Guerra como o pioneiro da genealogia científica em Portugal, mas tenho alguma dúvida quanto à data de 1090 do documento citado. Nessa época a região do Porto era de Leão e Castela, antes do reino de Portugal, e não acho menção a Manhucelos no diplomatário da Dona Urraca, nem no de Afonso VI.
Parece-me que a Pedatura Lusitana só foi publicada em meados do sec. XX e não sei se essa data é a correta do original. O ano de
1190 cai melhor. Há Pedro Furtado documentado na Galícia em 1182 como acabei de saber pelo Francisco Doria através da lista genealógica Portugal-L da Rootsweb, uma preciosa e inédita informação de vários Furtados documentados no sec.XII e príncípios do XIII que a Maria Emma Escobar,de Madrid, gentilmente repassou.
Qualquer nova informação é muito bem-vinda para a pesquisa de meus Furtados medievais.


Abraço,
Manoel Furtado

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RE: Tese de Alão de Moraes sobre os primeiros Furtados

#13181 | pimentel | 19 nov 2001 12:48 | Em resposta a: #13126

Caro Manuel furtado

Pode estar a confundir era com ano, há uma diferença de 36 anos entre uma e outra, logo a data pode ser 1126.????
um abraço F.Pimentel

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RE: Tese de Alão de Moraes sobre os primeiros Furtados

#13184 | Carlos Silva | 19 nov 2001 13:31 | Em resposta a: #13126

Caro Manoel Furtado,

Alào escreve "era de 1130". Nào sei avaliar a exactidào, nem se o vocabulario usado por ele é sempre homogeneo quando a diferença ano/era.

C.Silva

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RE: Tese de Alão de Moraes sobre os primeiros Furtados

#13233 | Manoel Furtado | 20 nov 2001 01:21 | Em resposta a: #13184

Realmente me confundi, tentando fugir de um problema que me veio de imediato à mente e que exponho mais abaixo. "Era" é igual ao "Ano" mais 38. Certo? Portanto, o Manuel Lamas no resumo que consta de seu artigo está correto quando dá o ano de 1.092, já que Alão de Moraes escreve "era de 1.130".

O problema é o seguinte:
Não conheço o texto do Alão, mas de acordo com M. Lamas diz ele que Fernão Furtado, membro da casa do infante d.Dinis em 1278, seria neto de Fernão Pires Furtado que, de acordo com o testamento, era filho de Pero Furtado e Marinha Gilbertiz que 1.092 aparecem como vendedores de uma herdade em Manhucelos. Só aqui temos mais de 180 anos para três gerações!
Mattoso in "A nobreza medieval portuguesa", diz que, ao examinar essa lista de vassalos de 1278, "os jovens pertencem à famílias de Fermoselhe, de Parada, de Novais, de Coja, dos Alcoforados, dos Zotes, dos Furtados, dos Redondos e dos Molnes. Destes, apenas o jovem Furtado pertencia à nobreza antiga, mas era justamente um castelhano".

Ora, o nosso Fernão Furtado parece ser realmente jovem em 1278, talvez já casado na família dos de Baião-Resende e em 1322 seus filhos Rui, Leonor e Mor Fernandes Furtado vendem a seus primos todo o direito que tinham aos bens de Afonso Rodrigues de Baião, pela parte do avô Geraldo Afonso. Este documento do mosteiro de Tarouquela é citado por Pizarro. Um outro documento também citado por Pizarro diz que em 1340, Dona Teresa Martins de Freitas, abd.ª de Arouca, fez partilhas com uma sobrinha, Mor Fernandes Furtado, de bens que tinham sido de Dona Sancha Pais de Agares, mãe e avó de ambas.
Com essas datas à mão não é arriscado dizer que Fernão Furtado, tido como de Álava, pode ter nascido por volta de 1.250.

Não fica difícil ele ter um bisavô que vende uma herdade em 1.092?

Esta é uma das minhas dúvidas quanto à tese de Alão de Moraes.

Cumprimentos,
Manoel Furtado

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RE: Tese de Alão de Moraes sobre os primeiros Furtados

#13234 | 12477 | 20 nov 2001 07:25 | Em resposta a: #12989

Sobre el tema de los Furtado, tengo algo más y lo enviaré cuando esté más completo.
Solo quiero recordaros que la era está 38 años adelantada, no atrasada, sobre el año del señor. Así la era 1.090 es realmente el año del señor de 1.052

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