Mosteiro de Pombeiro (de Ribavizela)

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Mosteiro de Pombeiro (de Ribavizela)

#142074 | Pato | 28 jan 2007 15:54

Será que alguém me pode ajudar a encontrar (se é que ainda existe) algum documento do arquivo deste Mosteiro milenar, anterior à extinção das ordens religiosas (1834) ? Sei que o "cartório" do mosteiro resistiu ao incêndio ateado pelas tropas de Soult (2ª invasão francesa). Será que também terá resistido à delapidação de 1834 ?
Interessa-me, sobretudo a relação dos monges e abades que, à época, dele faziam parte.
Consegui saber que do encerramento do Mosteiro foi encarregado o Regimento de Infantaria nº.13, cujo Capelão era um certo Pe. Sobral.
Se alguém me puder ajudar, agradeço.

Isabel Pereira Coutinho

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Mosteiro de Pombeiro, bibliografia, arquivos

#142084 | Eduardo Albuquerque | 28 jan 2007 17:56 | Em resposta a: #142074

Cara Isabel Pereira Coutinho,

Na sequência da sua precedente mensagem, aqui ficam algumas notas.

De Frei Leão de S. Tomás, ver “Beneditina Lusitana”, Coimbra, 1651, Tomo II, Tratado I, Parte I, páginas 49 a 78, cujos capítulos são os que seguem:

Capítulo VIII – Dos Fundadores, e Padroeiros do Mosteiro de Pombeiro;
Capítulo IX – Dos Benfeitores do Mosteiro de Pombeiro e grandes bens temporais de que foi dotado:
Capítulo X – Da observância regular que se guardava no Mosteiro de Pombeiro:
relevo o § V. – De algumas pessoas ilustres enterradas no Mosteiro de Pombeiro;
Capítulo X- Catálogo dos Abades perpétuos de Pombeiro;
Capítulo XI – Do estado em que o Mosteiro de Pombeiro de presente está.

De Fr. António da Assunção Meireles, ver “Memórias do Mosteiro de Pombeiro”, Lisboa, Academia da História, 1942

De José Mattoso, “ Inventário dos Fundos de Antigos Mosteiros Beneditinos existentes no Arquivo Distrital de Braga”, Bracara Augusta, 20, separata, 1966, 358-412.

De José Marques, “ A Arquidiocese de Braga no séc. XV, páginas 242, 259, 614, 644 e 686.

Idem, “O estado dos mosteiros beneditinos da arquidiocese de Braga no século XV” em Bracara Augusta, 35 ( 1981 ), páginas 96-97, 134-135, 148, 149, 155.

Instituto dos Arquivos Nacionais Torre do Tombo:

Instituições Eclesiásticas, Ordem de S. Bento, Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro, (1596 – 1606 ); 1 Livro; auxiliares de pesquisa: L615/1; C 270, f.107; L 285 A, p. 261.

Arquivo Distrital de Braga / Universidade do Minho

Santa Maria de Pombeiro – Felgueiras

44 livros de 1570 a 1827; relevo os livros de prazos, 42 livros, de 1570 a 1827.

No Arquivo Distrital do Porto:

Convento de Santa Maria de Pombeiro – Felgueiras ( 1675 – 1919 );
Confraria do Senhor de Pombeiro - Felgueiras ( 1808 – 1817).

Sobre pergaminhos,

de momento não tenho aqui disponível as minhas referências da Biblioteca Municipal do Porto e do Arquivo da Universidade de Coimbra, mas logo que possível dar-lhe-ei uma vista de olhos.

Com os meus melhores cumprimentos,

Eduardo Albuquerque

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Catálogo dos abades perpétuos de Pombeiro

#142256 | Eduardo Albuquerque | 29 jan 2007 18:25 | Em resposta a: #142074

Em aditamento à minha precedente mensagem, de Frei Leão de S. Tomás, “ Beneditina Lusitana”, tomo II, tratado I, parte I, capítulo X, página 71, transcrevo:

« Catalogo dos Abbades perpetuos de Pombeiro

O Primeiro Abbade do Mosteyro de S. Maria de Sobrado, ao qual o de Pombeiro socedeo foy Frey Hugo Ortiz asinado na doação, ou no prazo de que asima fizemos menção no princípio do capitolo septimo pella era 807, que he anno de Christo 769.

Dom Frey Mendo achasse afsinado em certa doação conservada no cartorio de Pombeiro pella era 881. E pella de 954 se acha memoria de D. Frey Alvaro Pires.

D. Frey Fernando Gomes, conforme o Conde D. Pedro titulo 37 foy filho do Conde D. Gomes Nunes de quem fizemos menção asima no cap. 8 achasse memoria delle pella era 1164 que he anno de Christo 1126.

D. Pedro Gozendes se intitula por Abbade em hua escritura, em q hum Gonçalo Soares, & sua molher Flamula Dias dão muytos casaes a este Mosteyro pella era 1200 anno de Christo 1162.

D. Gonçalo primeiro do nome achasse memoria delle pella era de 1213 ate a de 1225 tempo em que lhe fizerão grandes doaçoens. Porq so hum João Pais lhe fez doação de sete casaes pella era 1214 socedeu-lhe D. Pedro segundo do nome, & depois D. Rodrigo pela era de 1260, que viveo ppouco tempo.

D. Mendo Viegas socedeo a Dom Rodrigo pella era de 1260 até a de 1269 estava em tempos passados sepultado junto a porta travessa, que da Igreja hia pera a claustra. Em seu tempo fez D. Gonçalo Mendes filho do Conde D. Mendo chamado o Sousão doação ao Mosteyro de tudo o q tinha em Ferreyra afsi leigal, como Ecclesiastico era 1268. E D. Valasco Mendes irmão do dito D. Gonçalo, lhe fez doação de todas as herdades de Villa Verde com devezas, & moinhos, por sua alma, & de seus antepassados. Socedeo a D. Mendo o Abbade D. Pedro III do nome pella era 1272 até a era de 1286. E a este Dom Pedro socedeo D. Rodrigo II do nome pella era de 1304 até a de 1307. Este Abbade D. Rodrigo parece que foy aquelle de quem o nosso Rey D. Affonso III, do nome, fez tanta confiança, que o nomeou pera demarcar o Reyno de Portugal, & de Leão, pera que cessassem duvidas que avião entre o mesmo Rey D. Afonso III & entre D. Afonso X, seu sogro Rey de Castella, & de Leão, sobre lugares dos confins de hum, & outro Reyno. E pera se julgarem estas duvidas nomeou el Rey D. Affonso de Castella quatro fidalgos que afsistirão por sua parte, & o nosso Rey D. Affonso III nomeou para afsistire em seu nome os Bispos da Guarda, & do Porto, o Dom Abbade de Pombeiro, & Nuno Martins seu Meirinho mór, como costa da carta passada na era de 1302. E neste tempo era já Dom Rodrigo II do nome Abbade de Pombeiro.

D. Gonçalo Martins acha sse memoria delle pella era 1314 até a de 1315. As escrituras daquelle tempo lhe chamavão varão Religioso, & bem mostrão a grande Religião, & cocerto do Mosteyro de Pobeiro, pois hua senhora chamada Maria Affonso viuva lhe faz doação de muytos casaes, & da quinta de Villanova. E D. Gonçalo Martins de Bragança lhe dá propriedades em diversas partes só pera que os Monges daquella casa o encommendem a deos sem outra obrigação mais.

Dom Martim Pires foy Abbade deste Mosteyro pella era de 1327 até a de 1359 em seu tempo annexou o Arcebispo Primas de Braga D. Martinho de Oliveira natural d’Evora quarto do nome ao Mosteyro de Pobeiro as Igrejas seguintes, por respeito da grande charidade, que nelle se fazia aos pobres, & peregrinos, & do muito que neste particular se gastava, & despendia; Santa Maria de Canedo em terra de Basto, S, Miguel de Vargiela, S. Maria de Bovadela, S. Diniz matriz de Villa Real, S. Maria de Villa Marim, S. Martinho de Penacova. S. Fins do Torno, S. João de Caves, S. Salvador de Moure, S. Mamede de Villa Verde, S. Martinho de Arnil, annexou mais a Igreja de Valdobouro em Basto, cujo padroado elRey D. Dinis tinha dado ao Mosteyro, & todas estas doze Igrejas annexou com clausula que podesse o Abbade, & Convento aprezentar nellas Monge, ou Clerigo dando-lhe porção congrua. Por onde não sei de qual me espante mais, se da liberalidade do Arcebispo, se da que se uzava no Mosteyro de Pombeiro pera com os pobres que lhe grangeou tantas, & tão largas doaçoens; digo só q a primeira merece agradecimento, a segunda he digna de imitação.

D. Frey Joanne Abbade de Pombeiro, & Confessor del Rey ( que parece ser D. Dinis ) achasse Prelado da dita casa pella era 1360 que he anno de Christo 1323 porque nesse mesmo anno D. Martim Affonso de sousa Rico homem lhe faz hua doação em que diz,

Que por muy natural, e muy padroeiro do Mosteyro de S. Maria de Pombeiro, e pella muyta ajuda q sempre delle recebeo, e de Frey Joanne Confessor del Rey, e Abbade que he do dito Mosteyro, lhe larga o emprazamento de Villa Verde, e doutras terras que estão junto de Amarante, etc era 1360.

Dom Payo Correa foy Abbade de Pombeiro pella era de 1361 & acha-se memoria delle até a de 1370. Fez com elRey D.Affonso IV descambo de padroados de muytas Igrejas, & de muytos casaes, & herdades que o Mosteyro de Pombeiro tinha em Lisboa, em Santarem, Alenquer, & em outras partes na era de 1366 como consta da escritura. Alcançou do Arcebispo de braga D. Gonçalo Pereira com seu Cabido a união, & incorporação dos frutos da Igreja de S. Martinho de Sepaes ao Mosteyro. Outras escrituras há do tempo deste Abbade de casaes, herdades, & padroados de Igrejas q se derão a Pombeiro pella grande Religião, & observancia que nelle florecia.

Dom Joanne Esteveis achasse memoria delle até a era der 1387, em seu tempo se fez doação da Igreja de Santo Estevão das Regadas, por tantas oraçoens, e bens que se fazião no Mosteyro de Pombeiro era 1385.

Dom Vasco Lourenço foy Abbade pela era 1402. Fez lhe Violante Vicente molher que foy de Martim Correa doação da sua quinta de Corveira per sua alma, e de seu marido, e descendentes, pera serem participantes das orações, e bens que se fazião naquella casa por quem lhe deixava.

Dom Martim Giraldes foy Abbade de Pombeiro pella era de mil quatrocebtos & quatro. Dom Affonso Martins pella era mil quatrocentos & vinte & cinco. Dom João Annes pela era mil quatrocentos & trinta & dous. A todos elles se fizerão particulares doaçoens.

Dom Frey Vasco Lourenço foy Abbade pella era de 1437, até a era de 1450. O Arcebispo de Braga Dom Martinho V. do nome lhe confrimou o que seus antecessores tinhão dado ao Mosteyro, & concede, que os freguezes de certas freguezias annexas, & unidas ao dito Convento não paguem vodos, nem mortuorios, dizimos, nem outras cousas a sua Igreja de Braga. E desta escritura se aproveitou já a Religião no triennio que começou por Mayo de 1637, em certa demanda que se moveo sobre esta materia & foy de proveyto.

Dom Lopo Dias achasse Abbade de Pombeiro pella era de mil quatrocentos & sincoenta & sete, Estes forão os Abbades perpetuos eleitos pello Convento coforme a S. Regra. »

( A continuar.)

Melhores cumprimentos,

Eduardo Albuquerque

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RE: Mosteiro de Pombeiro, bibliografia, arquivos

#142260 | Pato | 29 jan 2007 18:36 | Em resposta a: #142084

Caro Eduardo Albuquerque,

Nem sei como posso agradecer-lhe por tão preciosas informações, que me serão extremamente úteis para a investigação em que estou envolvida (Invasões Francesas e Guerra Peninsular). Procuro identificar o autor de um documento, inédito, que tenho na minha posse e que era, de certeza, um monge (?) desse Mosteiro à data da sua extinção.

Mais uma vez, muito obrigada.

Com os melhores cumprimentos,

Isabel Pereira Coutinho

Ps. Esta é a 2ª via (alargada) da mensagem que hoje lhe enviei, e que não encontro publicada)

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Abades comendatários de Pombeiro

#142265 | Eduardo Albuquerque | 29 jan 2007 18:53 | Em resposta a: #142260

Cara Isabel Pereira Coutinho,

Para mim, é uma verdadeira honra e um privilégio poder de algum modo ser útil! E, ademais, na compilação destas notas, também, vou relembrando e aprendendo...

Em complemento, aqui segue da obra citada, página 73 a 76 :

« Dos Abbades Commendatarios,

Despois dos Abbades de que temos feito menção; entrarão os Commendatários, que a malicia dos tempos introduzio. O primeiro de que achamos memoria pellos annos de Christo 1424 ate o anno de 1446 foy hum chamado D. Amaro Bispo de Ceita, & Capellão mor del Rey D. João de boa memoria.

D. Frey Lourenço Mestre em Theologia foy o segundo Abbade Commendatario pellos annos de Christo 1453 até 1455. Socedeolhe Pero Vasques Prothonotario até o anno de 1476. Seguiose Dom Gomes da Rocha Bispo de Thiopole pellos annos mil quatrocentos & outenta & dous, até o de 1495. As escrituras daquelle tempo lhe chamão Religioso muy honrrado, & dellas consta, que não foy dissipador, senão benfeitor do Mosteyro,

Seguirão se despois de Dom Gomes fidalgos da Ilustre familia dos Mellos. O primeiro foy D. Jorge de Mello pellos annos de Christo mil & quinhentos & tres, ate o de 1506. O segundo foy D. João de Mello pellos annos 1508 até o de 1525. O terceiro foy D. Antonio de Mello do qual se acha memoria pellos annos de 1528 até o anno de 1560.

Em tempo deste Abbade Dom Antonio de Mello aconteceo o caso seguinte. Avia no Mosteyro de Pombeiro hum Martyrologio antigo ao qual estava encostada a vida do Glorioso São Gonçalo de Amarante escrita em huas folhas de perguaminho, & della constaba que fora o dito Santo filho, & Monge professo do dito Mosteyro, & estava o dito livro preso de hua cadea de ferro, na estante do Capitulo, aonde se lia o Martyrologio a Precioza. Veyo hum Religioso leigo da sagrada Religião dos Pregadores por nome Frey Julião, agazalhar se no Mosteyro, & teve ordem, & modo por não dizer atrevimento pera apanhar o dito livro, o qual tanto que se achou menos se procurou por todas as vias, até o Abbade Dom Antonio de Mello fazer queixa a Raynha Dona Catharina, que naquelle tempo governava por morte d’el Rey Dom João terceiro seu marido: porem nenhua diligencia que sobre a materia se fez foy de fructo; Porque mandando a Raynha chamar o dito Religioso, & dizemdo lhe a queixa, que o Dom Abbade de Pombeiro delle fazia, respondeo que era verdade aver tomado o dito livro mas que o perdera; E assim se perdeo a memoria do Clorioso Santo que naquella casa se conservou por largos annos. Deste caso soceder na forma que temos dito he o Padre Frey Antonio de Carvalho filho da dita casa, que assim o contava a muytos Religiosos da Reformação, dos quais ainda alguns são vivos. Outra testemunha grave foy o Nosso Padre Frey Antonio da Sylva Geral Nosso pellos annos de mil & quinhentos & noventa & tres, o qual eu conheci, & alcancei, & testificava o caso sobredito, dizendo que naquelle tempo em que socedeo era elle noviço no Mosteyro de Pombeiro.

Mas Frey Julião se pode fazer aquelle furto ( se tal nome merece ) não pode levar consigo a imagem do Glorioso Santo que no Capitulo velho, que se desfez estava pintada no habito de São Bento do que da testemunho o Padre Frey João do Apocalypse nas memórias, que nos deixou, que tenho em meu poder, nas quais diz estas palavras.

No Capitolo de Pombeiro vi com meus olhos a imagem do glorioso São Gonçalo de Amarante vestido com a Cuculla do Nosso Patriarcha São Bento pellos annos mil e quinhentos e sincoenta e outo. E da propria sorte estava pintado em o nosso Mosteyro de Paço de Sousa:

o que testificão outros muyto Religiosos antigos de hua, & outra casa, & não se pode presumir que estas imagens do glorioso São Gonçalo fossem feytas com dolo, & malicia com tenção de furtaremos o alheo por serem antigas, & de tempo, em que avia mais singeleza, & innocencia. O mais se tratara por ventura abayxo em seu lugar, que agora não fazemos mais que referir o caso, que socedeo neste Mosteyro sendo Abbade Dom Antonio de Mello.

Morto Dom Antonio de Mello pedio a Raynha Dona Catharina ao Papa Paulo quarto o dito Mosteyro de Pombeiro pera o reformar, & concedendo lho o Papa, forão tantas as interceçoens que o tornasse a pedir pera nosso Senhor Dom Antonio neto delRey Dom Manoel, & filho do Senhor Infante Dom Luis Duque de Beja que tornou a Raynha a fazer suplica ao Papa sem seu favor; Mas elle lembrandosse que lho tinha pedido pera o reformar, respondeo, que já q o não reformava o queria dar a hum seu Nepore que foy São Carlos Borromeu Canonizado oje pella Santidade de Paulo quinto. E depois de S. Carlos o possuir pouco tempo, logo o renunciou com penção de tres mil cruzados no dito DSenhor D. Antonio.

Entrando o mesmo Senhor por Dom Abbade Comendatario achou o couto de Pombeiro devaço por sentença dos Corregedores del Rey Dom Manoel que derão contra o Abbade D. João de Mello por elle lhe não mostrar doação do dito couto; mandou a buscar o Senhor D. Antonio na torre do Tobo donde se tirou dada por sentença dos Corregedores del Rey D. Afonso IV asinada por elle, & confirmada por elRey D. João o I & de novo a petição do mesmo Senhor D. Antonio a confirmou el Rey D. Sebastião no anno de 1556.

Elle foy o que deu as casas dos Commendatarios aos seus Religiosos de Pombeiro que erão grandes, & bem feitas com muytas camaras, & fallas, & outras muytas officinas. Mas deixarão de viver nellas pella pouca comodidade que tinhão pera habitação de Religiosos.

Depois do senhor Dom Antonio entrarão os Prelados da Reformação. Sendo o Mosteyro governado primeiro por Priores, & depois por Abbades. O primeiro Prior, q foy eleito no anno de 1570 pera governar o Mosteyro de Pombeiro, debaixo da obediencia de hum Geral, que então era o N. P. Reformador Fr. Pedro de Chaves, foy o P. Fr. Hyeronimo de Guimarães sendoo já no tempo da Claustra Religioso muy grave, & muy douto, de grande talento pera o pulpito, & de estremada graça nelle: por onde o Arcebispo Primaz D. João Affonso de Meneses setimo do nome o teve em Braga alguns annos por seu Pregador, tendo gosto particular de o ouvir. Era o dito P. Fr. Hyeronimo não só pregador, senão tambem especulativo, visto nas miudezas da Theologia escholastica, & Philosophia; por onde acodia muytas vezes aos actos, que se tinhão no Collegio de S. Paulo de Braga da sagrada Religião da Companhia de JESUS. Assistia em huas Conclusões no dito Collegia, em que tambem se achou prezente o R.P.M. Fr. Egidio d’ Apresentação Religioso da Ordem dos Eremitas Agostinhos, Lente que foy depois da cadeira de Vespera na Universidade de Coimbra, & nella Mestre meu doutissimo, E fazendo se sinal ao dito Padre Frey Hyerinimo pera argumentar em primeiro lugar, respondeo galantemente com aquellas paçavras de Christo Senhor Nosso:

Pauperes. Semper habebitis vobiscum; magistrum autem Aegidium nom semper habetis. Os pobres, como eu, sempre tereis convosco, mas o Mestre Egidio não o tereis sempre presente.

Dito que foy recebido com grande aplauso, porque mostrou o Padre sua humildade, & cortezia, dando a entender, que ainda que o honravão por mais velho com lhe darem o primeiro lugar pera argumentar, com tudo que este se devia ao Padre Mestre Frey Egidio por hospede.

Depois do Padre Frey Hyeronimo, foy Prior de Pombeiro o Padre Frey Ambrosio de Lisboa eleito no anno de mil quinhentos & setenta & sinco. Socedeo lhe o Pedre Fr. Thomas do Touro eleito no anno de mil quinhentos & setenta e outo. O Padre Frey Bento do Salvador foy eleito no anno de mil quinhentos & outente e quatro. O P. Frey Bento do Salvador foy eleito segunda ves no anno de mil quinhentos & outenta & sete. Estes forão os Priores, que governarão o Mosteyro de Pombeiro com este titulo até o anno de 1590. »

( A continuar )

Com os meus melhores cumprimentos,

Eduardo Albuquerque

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RE: Catálogo dos abades perpétuos de Pombeiro

#142307 | MSG | 30 jan 2007 04:25 | Em resposta a: #142256

Cara Isabel Pereira Coutinho:

Caso tenha a identidade desse monge, creio que deverá procurar também no cartório geral da Congregação de São Bento - que se encontrava em Tibães, a Abadia-Mãe, e que está agora no Arquivo de Braga. Tem inquirições de genere de monges, a partir do nome próprio, abrangendo a segunda metade do séc. XVIII.

Melhores cumprimentos,

Marcos Sousa Guedes

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Abades trienais de Pombeiro

#142336 | Eduardo Albuquerque | 30 jan 2007 12:14 | Em resposta a: #142260

Cara Isabel Pereira Coutinho,

A terminar o rol dos abades, da obra citada, página 76, aqui fica o registo,

« Dos Abbades trienais.

O primeiro, que com titulo de Abbade, governou o Mosteyro de Pombeiro, foy o Padre Fr. Bernardo de Braga eleito no anno de 1590. Religioso de muytas partes, & muy visto nas historias assim Ecclesiasticas, somo seculares; porque com grande coriosidade correo muyta parte dos cartorios de Portugal, & de Galiza, & ajuntou muytas couzas dignas de se darem à impressão E por decreto do Capitulo Geral teve licença pera ver seus trabalhos estampados. Muytos se aproveitarão delles, & a minima parte ficou na Religião.

O segundo Abbade foy o Padre Frey Basilio d’ Ascenção natural de Lisboa eleito no anno de mil quinhentos & noventa & tres. O terceiro Abbade foy o Padre Frey Luis do Spiritu Santo natural de Dousportos, eleito no anno de mil quinhentos & noventa & seis. Seguio se o Nosso Padre Frey Antonio da Silva eleito no anno de mil quinhentos & noventa & nove. Socedeo lhe o Nosso Padre Frey Balthesar de Braga no anno de 1603, Seguio se logo o Nosso Padre Frey Anselmo da Conceição eleito no anno de 1605.

O setimo Abbade eleito no anno de 1608 Foy o Padre Frey Christovão d’ Ascensão natural de Lisboa, Prelado muy solicito em procurar tudo o que era nevessario pera consolação do seu Convento. O outavo eleito no anno de 1611 Foy Padre Frey Xisto da Purificação natural de Villa Nova do porto, Religioso observante, zeloso & muy parco. Foy despois Deputado do Santo Officio na Cidade de Coimbra. Socedeo lhe o Padre frey Miguel dos Anjos eleito no anno de mil seiscentos & quatorze natural de Basto. Seguio se o Padre Frey Mauro da Trindade eleito no anno de 1617 natural de Santo Thirso, de quem temos dito falando do mesmo Mosteyro.

O undecimo Abbade eleito no anno de 1620 Foy o P. Frey Eugenio de Santiago natural d’ Arrifana de Sousa Religioso muy grave, muy observante, muy continuo no Choro, & zeloso daquelle rigor primeiro, em que a Religião se criou no tempo dos nossos Padres Reformadores. Socedeo lhe o Padre Fr. Paulo de São Miguel natural de Villa do Conde, eleito no anno de 1623. Seguio se logo o Padre Fr. Antonio Ribeiro natural de Canaveses eleito no anno de 1629. Religioso muy vigilante, & de pouco dormie, laborioso, estudioso, & muy bom pregador.

O decimo quarto Abbade do Mosteyro de Pombeiro foy o Padre Fr. Balthesar d’ Apresentação natural de paço de Sousa eleito no anno de 1629. O decimo quinto Foy o Nosso Padre Frey Manoel de Santa Cruz natural de Villa do Conde eleito no anno de mil seiscentos & trinta & dous. O decimo sexto foy o Padre Frey Angelo de Azevedo natural do porto eleito no anno de mil seiscentos & trinta & sinco. Foy primeiro ao Brasil, & nelle Provincial da Provincia que la temos. Era Religioso grave de partes, & bem ouvido no Pulpito. De Abbade de Pombeiro foy eleito em Abbade do Mosteyro do Porto, que no discurso do triennio vagou. Em seu lugar foy eleito decimo septimo Abbade de Pombeiro o Padre Frey Antonio dos Anjos natural de Villa Nova do Porto.

O decimo octavo Abbade eleito no anno de mil seiscentos & trinta & outo Foy o Padre Frey Cosmo da Esperança natural de Amarante. O decimo nono Foy o Padre Frey João de Christo natural de Cantanhede eleito no anno de mil seiscentos & quarenta & hum. »

Melhores cumprimentos,

Eduardo Albuquerque

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RE: Catálogo dos abades perpétuos de Pombeiro

#142347 | Pato | 30 jan 2007 13:17 | Em resposta a: #142307

Caro Marco Sousa Guedes,

O problema é que o que eu procuro é mesmo a identidade desse monge. Que se revela, no documento que eu tenho, uma pessoa cultíssima e um verdadeiro historiador. Queria tirá-lo do anonimato se conseguir, como gostaria de fazer, publicar esse documento, importantíssimo no âmbito do tema que já anunciei.
Que não se trata do Abade, revela-o o facto de ele, numa ocasião, se referir ao "nosso Abade".
Se conseguir aceder - e já aqui me foram dadas imensas pistas para tal - à relação dos monges desse Mosteiro, nesse período (1807-1833), talvez consiga identificá-lo. Mesmo que por "exclusão de partes".

Muito obrigada pelo seu contributo.

Com os melhores cumprimentos,

Isabel Pereira Coutinho.

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Mosteiro de Pombeiro, bibliografia, arquivos

#142357 | Eduardo Albuquerque | 30 jan 2007 14:36 | Em resposta a: #142074

Cara Isabel Pereira Coutinho,

Em complemento da minha precedente mensagem, aqui ficam mais estas notas.

“Dicionário de História da Igreja em Portugal” , II, páginas 384-386;

Arquivo Histórico do Ministério das Finanças. Ver José Saraiva, “Situação dos Edifícios de Institutos Religiosos ao serviço do Estado e das Corporações”, Lisboa, Ministério das Finanças, 1941 (policopiado), página 465.

De António de Sousa Araújo e de Armando B. Malheiro da Silva, “Inventário do Fundo Monástico-Conventual”, edições do Arquivo Distrital / Universidade do Minho, 1985, páginas 99 a 100.

De Francisco do Nascimento Silveira, "Pombeiro interamnense illustrado pelo martyrio, e milagres da preclarissima virgem Santa Quiteria bracarense..", 1803;

Notícia do Mosteiro de Santa Maria, ms. N.º 1580 da B.N.L.;

Portugaliae Monumenta Historica – Inquiritiones, 2.ª alçada, Lisboa 1897;

Com os meus melhores cumprimentos,

Eduardo Albuquerque

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RE: Mosteiro de Pombeiro, bibliografia, arquivos

#142366 | Pato | 30 jan 2007 15:12 | Em resposta a: #142357

Caro Eduardo Albuquerque,

Mais uma vez obrigada pelo seu apoio.

Já agora, permita-me que lhe faça mais uma pergunta:

Estou a transcrever um documento bastante extenso (c. 200 fl.). Tenho usado as normas de transcrição paleográfica que aprendi já há muitos anos, com o Prof. Borges Nunes, na Fac. Letras, UL. e, também, com Dr.ª Emília Felix, então Directora da Torre do Tombo.
Será que essas normas ainda se encontram em vigor ? Nessa época, não havia nenhum compêndio.
Sabe de algum, que tenha sido publicado recentemente ?
Gostava de fazer a coisa "direitinha".

Desculpe estar a incomoda-lo novamente.

Com os meus cumprimentos,

Isabel Pereira Coutinho.

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Normas Gerais de Transcrição e Publicação

#142375 | Eduardo Albuquerque | 30 jan 2007 16:30 | Em resposta a: #142366

Cara Isabel Pereira Coutinho,

Na sequência da sua precedente mensagem, cumpre esclarecer que a minha formação é jurídica, pelo que não me sinto verdadeiramente habilitado a dar-lhe uma resposta devida e definitivamente avalizada.

Nestas lides, não passo de um autodidacta curioso!

Não obstante, deixo-lhe a sugestão de ver a Introdução ao “Album de Paleografia”, de João José Alves Dias, A.H. de Oliveira Marques e de Teresa F. Rodrigues, Lisboa, 1987.

Aí se refere as:

“ Normas Gerais de Transcrição e Publicação de Documentos e Textos Medievais e Modernos”

do Prof. Doutor Avelino de Jesus da Costa,

regras baseadas nas normas apresentadas por Robert-Henri Bautier ao V Congresso Internacional de Diplomática ( Paris 1976 )

Ver, Actas do V Encontro dos Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas Portuguesas ( pág. 311 – 350 ), Braga, 1976.

Julgo haver uma segunda edição da separata, de 1982.

Refere aquele autor dois princípios fundamentais relativos às transcrições:

1- « respeito absoluto pelo texto, sem nada lhe acrescentar, suprimir ou alterar, sem advertir previamente o leitor »;

2- « inteligibilidade do texto tornando-o acessível aos utilizadores »

A este propósito ver a comunicação apresentada ao VII Encontro Nacional dos Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas ( Lisboa, 1983 ) pelos A. H. de Oliveira Marques, João José Alves Dias e Iria Gonçalves.

Um outro dado a ter em consideração é o destinatário das transcrições, ou seja, qual o público alvo que se pretende alcançar.

A título de curiosidade, refiro que o “Livro Verde da Universidade de Coimbra”, cuja transcrição esteve a cargo da Prof. Doutora Maria Teresa Nobre Veloso, seguiu os critérios básicos das “ Normas Gerais de Transcrição e Publicação de Documentos e Textos Medievais e Modernos”, 2.ª ed., Braga, 1982, do Professor Avelino de Jesus da Costa.

Com os meus melhores cumprimentos,

Eduardo Albuquerque

Resposta

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RE: Abades trienais de Pombeiro

#142397 | luizsillos | 30 jan 2007 20:28 | Em resposta a: #142336

Caro Eduardo Albuquerque,

Neste riquíssimo trabalho que o confrade vem citando, sobre o mosteiro de Pombeiro, e que eu estou acompanhando, é feita alguma referência do cónego Miguel da Silva de Mello, entre os anos de 1600 a 1660? Grato por qualquer informação.

Luiz Gustavo de Sillos

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Fundadores e Padroeiros do Mosteiro de Pombeiro

#142487 | Eduardo Albuquerque | 31 jan 2007 13:01 | Em resposta a: #142397

Caro Luiz Gustavo de Sillos,

Como foi dito, a “Beneditina Lusitana”, de Frei Leão de S. Tomás, viu a luz do dia em 1651. Ora sobre religiosos do Mosteiro de Pombeiro, o que lá havia, já aqui foi transcrito.

Atendendo ao interesse manifestado pelo confrade por esta obra, aqui fica mais um excerto, extraído do capítulo VIII, páginas 49 a 51, que tal é:

« Dos Fundadores, e Padroeiros do Mosteyro de Pombeiro

No que toca á primeira fundação deste Mosteyro de Po(m)beiro tres opinioens podemos referir.

A primeira he do nosso Padre Frey João do Apocalypse, q(eu) attribue a edificação de Pombeiro a hum filho daquelle nobre cavaleiro Nuno Pais, hu(m) dos mais aventejados senhores de Portugal em honrra, & poder em tempo delRey Dom Fernando o Magno. Porque ainda que tinha sua casa no lugar d’ Arrifana de Sousa, era senhor de muytas terras de entre Douro, & Minho, & as que tinha em Pombeiro, Sernande, & Avizela, deu a hum seu filho; E este diz, que foy o que edificou o Mosteyro de Pombeiro pellos annos de Christo mil, & quarenta & hum.

A segunda opinião he do Doutor Dom Thomas Tamayo Cronista môr de Castella, o qual na arvore, que compos da illustrissima familia dos Sousas no anno de mil, & seiscentos, & trinta & tres diz, que o Conde Dom Gomes, que floreceu tambem em tempo delRey Dom Fernando, foy o que fundou este Mosteiro. O fundamento, em que se funda veremos logo.

A terceira opinião he do nosso Padre Frey Bernardo de Braga, que se inclina a que o Mosteyro de Pombeiro foy edificado pello Conde Dom Egas Gomes de Sousa filho do sobredito Dom Gomes. Porque diz, que tinha sua casa no Julgado de Felgueiras, dentro do qual fica o mesmo Mosteyro. Principio muy remoto, & incerto pera o intento.

Nesta variedade o que nos parece he, que não consta de certo quem fosse o primeiro, que edificou Pombeiro, por falta de papeis, que do cartorio se levarão, queixa já do Padre Frey Bernardo de Braga; porem consta, que os Sousa mais antigos forão Padroeiros, & grandes benfeitores delle. Isto se mostrará melhor discorrendo pella Arvore da descendencia dos Sousas, que o Conde Dom Pedro principiou no titulo 22 & o Doutor Thomas Tamayo aperfeiçoou com diligencia.

1. Em Dom Soeiro Belfager casado com hua senhora chamada Dona Munia, ou Nuna Ribeira dá o Conde D. Pedro principio aos Sousas. O Padre Mestre Britto descobre hua raís mais funda, que foy Dom Fayan Soares pay do dito Dom Soeiro antigo cavaleiro Godo, a cujo valor se deve a fundação d’ Arrifana de Sousa, & outras do Reyno.

2. Hufo Soares Belfager foy filho do dito D. Soeiro. Acha se memoria delle pellos annos outo centos, & setenta & tres em hua escritura del Rey Dom Affonso Magno, que comfirma.

3. De Hufo Soares nasce Hufo Hufes, ou Haulj ho Conde de Vieira, & pay de nossa Sancta Senhorinha, de S. Gervas, & de outro filho senhor da casa de seu pay chamado D. Gozoi, ou Vizoi aquem o I.M. Britto chama.

4. Dom Gonçalo Soares. Asina com este nome de Vizoi em hua escritura do Mosteyro de Pombeiro na era de 1013 q(ue) he anno de Christo 975 & em outra do anno de 983 com titulo de Duque, q(ue) he o mesmo q Capitão Geral, & Fronteiro môr da Comarca de Vieira, como foy seu pay.

Daqui se podia já colher contra as tres opinioens referidas, q o Mosteyro de Po(m)beiro foy mais antigo do q ellas o fazem, pois nelle se achão escrituras suas asinadas pellos annos 975 q são perto de 60 antes del Rey D. Fernando Magno começar a Reynar em Leão, Castella, & Portugal, em cujo tempo as ditas opiniões poem a fundação de Pombeiro. Mas co(n)tinuando com a Arvore dos Sousas.

5. Dom Nichiguicoi foy filho do sobredito Gonçalo Soares, & casado com D. Aragonta Soares filha do Co(n)de D. Soeiro de Novelas, & de Dona Mayor, ou Munia Dias filha de Dom Diogo Porcelos segundo Conde de Castella, que povoou a Cidade de Burgos.

6. Dom Gomes Echigas, ou Ectas foy filho do senhor sobredito, & acha se memoria delle e(m) escrituras, & memorias do Mosteyro de Po(m)beiro pellos annos 1030, & 1039 foy primo segundo de D. Gonçalo Nunes pay do Conde Fernão Gonçales, & de Gonçalo Gustios pay dos Infantes de Lara Foy casado com hua neta delRey Dom Fernando o Magno, chamada D. Goldredo ( q outros chamão D. Gontrode Monis, Gala, Geltrydes, Gontina Godinha segu(n)do o custume de cada lingoa ) filha de D. Munio Fernandes de Touro, que foy filho do dito Rey Dom Fernando o Magno, & irmão del rey Dom Affonso VI, & por esta via ficava Dona Goldredo, & a nossa primeira Rainha Dona Tareja may del Rey Dom Affonso Henriques primas direitas filhas de dous irmãos. Por via desta senhora entrou na familia dos Sousas o sangue Real de Navarra, aquem toda Hespanha deve seus Reys: Porque Dom Fernando seu avo, primeiro q fosse Rey de Castella, & de Leão foy Rey de Navarra.

No que toca a seu esforço, Foy tão valeroso, que nas desavenças, & guerras, que Dom Sancho Rey de Castella filho delRey Dom Fernando o Magno teve com seu irmão D. Garcia Rey de Galiza, & Portugal, elle Dom Gomes Foy o que na batalha de Santarem deteve ao dito Rey Dom Sancho com sua lança, & o venceu ( como se pode ver no Conde Dom Pedro titulo 21.) Foy Governador de toda a Comarca de Entre Douro, & Minho por el Rey Dom Fernando pellos annos 1050 como se colhe de hua escritura do livro de Gyimarães chamado de Dona Munia. Comprou o lugar de Felgueiras junto a Pombeiro, segundo se acha em hua memoria do mesmo Mosteyro por preço de dous cavalos a hum Payo Monis no mês de Abril da era de mil, & setenta, & sete que he anno de Christo 1039.

Este Conde Dom Gomes faz Dom Thomas Tamayo, fundador do Mosteyro de Pombeyro como dizia, Porque a tudo o sobredito acrescenta estas palavras.

La piedad de Dom Gomes foy igual a su noblesa, y valor, pois fundo lo Monasterio de Pombeiro, testificandolo la inscripcion que se be desde tiempos antigos sobre la ventana de la torre del mismo Monasterio, etc.

Allude nisto a hum letreiro, que estava em hua torre antiga, que ainda muytos vivos vimos, em pee, & segundo dizião nossos mayores, servia de agazalnado aos Commendatarios. Na padieira de hua janella della estava hum letreiro, que, segundo as testemunhas de vista, que o virão, & tresladarão, nenhuma menção fazia do Conde Dom Gomes, porque dizia assim.

Hoc est memoriale Domini Gonçali de Sousa. Este he o memorial, ou memoria de Dom Gobçalo de Sousa,

E consta que este Dom Gonçalo foy bisneto do dito Conde Dom Gomes, como veremos. Por onde foy falsa a informação, que derão a Dom Thomas Tamayo, & por isso seu pensamento fundado nella ficou tambem errado. »

( A continuar. )

Melhores cumprimentos,

Eduardo Albuquerque

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RE: Normas Gerais de Transcrição e Publicação

#142511 | Pato | 31 jan 2007 17:54 | Em resposta a: #142375

Caro Eduardo Albuquerque,

Muito obrigada. Já me deu uma boa ajuda.

Isabel Pereira Coutinho

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RE: Agradecimento

#142604 | Eduardo Albuquerque | 01 fev 2007 12:36 | Em resposta a: #142511

Cara Isabel Pereira Coutinho,

Foi um prazer e um privilégio ter carreado algo de útil.

Fico a aguardar ansioso pela publicação desse inédito e notável documento!

Com os meus melhores cumprimentos,

Eduardo Albuquerque

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Fundadores e Padroeiros do Mosteiro de Pombeiro II

#143021 | Eduardo Albuquerque | 05 fev 2007 14:30 | Em resposta a: #142397

( Continuação )

« §. II.

7. Dom Egas Gomes de Sousa nascido, & criado na terra de Sousa & herdado nella, sendo senhor de Novelas, foy filho do sobredito Conde Dom Gomes, & Governador da mesma jurisdição de seu pay pellos annos 1071 como consta de memorias deste Mosteyro. Foy casado com Dona Flamula, ou Continha Gonçalves terceira neta de Dom Ramiro II Rey de Leão: outros a fazem filha de Dom Gobçalo Mendes da Maya, que chamarão o Lidador. Não foy de menor valor que seus antepassados, como se viu naquella batalha singular, em q(ue) venceu a elRey de Tunes junto a Beja fasendo o officio de Capitão General. Por isso acrescentou aos Bastões de Aragão, que erão armas desta casa as quatro Luas crescentes, que o Rey de Tunes vencido trasia em suas bandeiras.

O Conde Dom Pedro tratando do casamento de Dom Egas Gomes de Sousa não fala em Dona Flamula, senão absolutamente diz, que foy cazado com Dona Gontinha Gonçalves filha de Dom Gonçalo o Lidador. A 3 p. Da Monarchia Lusitana livro XI folio 235 julga isto por erro, & que em lugar daquella palavra ( filha de Dom Gonçalo Mendes ) se há de por filha de D. Gonçalo Trastamires, pello dizer assim o livro antigo das linhagens, cujas palavras são Dom Egas Gomes de Sousa foy cazado com Dona Gontinha Gonçalves, filha de Gonçalo trastamiro, etc. E consta que este Dom Gonçalo foy bisneto del Rey Dom Ramiro II. Porem no Mosteyro de Pombeiro há hua escritura feita no primeiro dia de mayo da era de mil, & noventa, & dous, que diz assim

Nos omnes qui subter una scriptura signa facturi sumus filios de Egas Gomice, & de Flamula Gomice hic sumus praenominatos Menendo de Venegas, Pelagio Nunes et Gomice Nunes, et Gomice Venegas, etc.

Quer dizer, Nos os q(ue) abaixo avemos d’ assinar, filhos de Egas Gomes, & de Dona Flamula, ou Chamoa Gomes nos nomeamos aqui etc.

Desta, & doutras esrituras de Pombeiro se mostra, como a molher de Dom Egas Gomes, não teve por nome Dona Gontinha, senão Dona Flamula. E escrituras feitas em tempo que aquelles fidalgos filhos de Dom Egas Gomes vivião merecem mais credito, que memorias escritas muyto depois.

8. Dom Mendo Viegas de Sousa, foy filho de Dom Egas Gomes, casou com Dona Elvira, ou Tareza Fernandes filha de Dom Fernão Gonçalves de Marnel, lugar entre Beuga, & Agada, cavaleiro, que não foy inferior aos mais de seu tempo. O Conde Dom Pedro diz que esta senhora Dona Elvira Fernandes foy filha de Dom Fernando Affonso de Toledo, que se co(n)verteo a nossa Santa Fé sendo Mouro, & que el Rey D. Affo(n)so VI fora seu padrinho no bautismo, & lhe dera por nome o de seu pay Dom Fernando. & o seu proprio por sobrenome, & que assim se ficara chamando Dom Fernando Affonso de Toledo, & que o proprio Rey o casara com Dona Urraca Gonçalves filha de Dom Gonçalo Viegas de Marnel, da qual tivera hua filha chamada Dona Elvira Fernandes, & que esta Dona Elvira casara com D. Mendo Viegas de Sousa: Porem a terceira parte da Monarchia Lusitana mostra muy bem, & muy claramente como a molher de Dom Mendo Viegas de Sousa não foy senão D. Taresa Fernandes filha de D. Fernão Gonçalves de Marnel fidalgo differe(n)te de Dom Fernando Affonso de Toledo, assim pello affirmar o livro antigo das linhagens: como pello dizer expressamente hua doação feita ao nosso Mosteyro de Pedroso anno de Christo 1079 em que Dona Flamula da certas herdades ao dito Mosteyro Excepta medietate tota de Eixo, et Oyseo quod sunt cum omnibus pertinentiis suis de mea congermana D. Tarasia Fernandi, filia de Domno Fernando Gonçalvo de Marnele, uxore Domni Mendi Egee. 3. p. Lib.II. pag. 23. Pellos annos de 1112, se acha Dom Mendo governando a Villa, Castello, & terra de Santa Crus entre os rios Tamega, & Sousa: patrão, ou padroeiro do Mosteyro de Pombeiro lhe chama a Raynha Dona Taresa em hua doação, que faz ao Mosteyro de Tibaens era de 1150 anno de Christo 1113, & elle mesmo a confirma.

9. Dom Gonçalo de Sousa o bom filho de Dom Mem Viegas foy toda a privança del Rey Dom Affonso Henriques, casou com Dona Urraca Sanches sobrinha do mesmo Rey Dom Affonso: porque foy filha de Dom Sancho Martins, ( ou Nunes) & de Dona Teresa Affonso irmãa do mesmo Rey Dom Affonso Henriques: o Conde Dom Pedro faz a esta senhora Dona Tareja Affonso filha del Rey Dom Affonso Henriques & não irmãa: & assim ficava Dona Urraca molher de Dom Gonçalo de Sousa neta, & não sobrinha del rey D. Affonso. Chamavão lhe Dom Gonçalo o bom, porque se aproveitou do poder pera fazer bem a todos. Na batalha de Ouriq eu levou a dianteira com todos os de sua casa, & ajudou a seu Rey nos transes mais apertados della. Acompanhou tambem ao Principe Dom Sancho primeiro do nome na jornada, que fez tal estrago nos Mouros, que como dizem as memorias antigas, o rio Guadalquivir cobrou em suas agoas côr de sangue; in secutus est Mauros usque ad Trianam,et tantus sanguis effussus est, ut fluvius Guadalquivir flueret mixtus sanguine rubro colore. Assim o diz hua relação do Mosteyro de São João de Tarouca. Do esforço que Dom Gonçalo de Sousa mostrou nesta batalha derão testemunho alguas ba(n)deiras que della trouxe, & pos no Mosteyro de Pombeiro semeadas de Luas cresce(n)tes, como tropheo de seu valor, & como padroeiro do dito Mosteyro.

10. O Conde Dom Mendo Sousão chamado assim a differe(n)as de outros Co(n)des, Foy filho do dito Dom Gonçalo de Sousa, & Mordomo mór del Rey Dom Sancho; Foy o mais honrrado, & mayor senhor, que ouve em Portugal depois del Rey. Achouse na co(n)quista da Cidade de Sylves. Delle diz hua memoria do livro dos Anniversarios de Pombeiro, que foy o Comde D. Mendo tão grande, e aventajado nas fazendas, e que nas lides se aventejou aos melhores de seu tempo. Casou co(m) Dona Maria Rodrigues filha do Conde Dom Rodrigo Peres Velozo senhor de Trava, & da Condeça D. Alambra irmãa de hum Rey de França o Conde Dom Pedro lhe chama Dona Moninha titulo 23.

11. Dom Gonçalo Mendes de Sousa filho do dito Dom Mendo socedeu na casa, & no officio de mordomo mór delRey. Foy Fronteiro mór de Lisboa, Lamego, Viseu, & na terra de Cerolico, & a seu esforço attribuirão a defensão della, & de outras muytas terras em tempo del Rey Dom Affonso II. Ajudou a elRey Dom Sancho, que chamarão Capello assim na conquista d’ Elvas, & de Ayamonte, como tambem em lançar os Mouros do Algarve, segundo consta do livro dos Anniversarios do Mosteyro de Pombeiro, em que se faz menção da morte de Sylvestre Mendes de Sousa, & de outros cavaleiros de sua casa disendo se delles qui interfecti sunt ante ipsum Dominum, et Regem Sanctium II in directione Castri de Ayamonte. Foy casado com Dona Theresa Soares filha de D. Soeiro Viegas de Riba do Douro, & de D. Sancha Vermois filha do Conde de Trava D. Bermudo Peres.

12. Aqui passou a casa dos Sousas, por não aver filhos vivos do dito Go(n)çalo Mendes, a hum seu irmão II chamado Dom Gonçalo Garcia, que casou com Dona Leanor filha delRey D. Affonso III, & foy seu Alfers môr.

13. Delle, por não ter filhos, passou outra ves a casa a Dona Constança Mendes de Sousa sua sobrinha, aqual foy casada com Pedro Annes Portel filho de Dom João de Alboim, que fundou em companhia de seu pay o castello, & Villa de Portel.

14. Delle teve duas filhas, hua chamada D. Maria Pays Ribeira, aqual elRey D. Affonso casou com seu filho D. Afonso Dinis, & por este casamento se acresce(n)tarão as Luas crescentes as quinas de Portugal, q(ue) são hoje armas dos Sousas. A outra filha de D. Constança se chamou D. Branca Peres, q(ue) casou com o Conde Dom Pedro Affo(n)so filho delRey D. Dinis, o qual foy Co(n)de de Barcelos, & aquelle, que fez o livro das geraçoens, & nobreza de Hespanha.

Ate aqui basta q(ue) co(n)tinuemos a Arvore dos Sousas, por q(ue) já de tudo o sobredito duas cousas se colhe(m). A primeira he ser esta familia illusttrissima pois quatro, ou sinquo veses entrou na casa Real de Portugal, hua na de França por via da Co(n)deça D. Ala(m)bra, outra na de Castella, Leão, e Navarra por via da neta de elRey D. Ferna(n)do o Magno. A segu(n)da cousa, q(ue) se colhe he, q(ue) quando os Sousas não fossem fundadores de Po(m)beiro, pello menos foraõ seus Padroeiros, q(ue) o enriquecerão com grandes bens, como veremos no capitolo seguinte. »

( A continuar.)

Melhores cumprimentos,

Eduardo Albuquerque

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Benfeitores e bens do Mosteiro de Pombeiro

#143036 | Eduardo Albuquerque | 05 fev 2007 16:45 | Em resposta a: #142397

( Continuação )

« Capitulo IX.

Dos Benfeitores do Mosteyro de Po(m)beiro e grandes bens te(m)porais, de q(ue) foy dotado.

Entre os benfeitores, & affeiçoados desta casa podemos com resão contar a Raynha D. Teresa porq(ue) ella lhe deu, & demarcou o Couto q(ue) oje te(m) ao 1 de Agosto da era de 1150 que he anno de Christo 1112, & a seu filho el Rey Dom Affonso Henriques. Por que sendo Infante, & não tendo ainda o titolo de Rey, desherdou do muito, que possuia em Portugal o Conde Do(m) Gomes Nunes filho do Conde Dom Nuno de Cellanova, parente de S. Rozendo, por respeito delle seguir a el Rey de Castella Dom Affonso VI, na guerra, & duvidas que teve com o mesmo Infante Dom Affonso Henriquez seu Cunhado sobre terras, qu cada hum pertendia serem suas. E deserdou o de sorte, que entregou todos seus bens ao Conde Dom Gonçalo de Sousa, que era Primo do mesmo Dom Gomes sobrinho de sua May, com tal condição, que os avia de deixar todos ao Mosteyro de Pombeiro; no que bem se deixa ver o amor, & desejo, que tinha de o enriquecer. Socedeu depois, que assentadas pazes entre o Infante Dom Affonso, & seu Cunhado Rey de Castella, tornou o Conde Dom Gomes Nunes pera o Reyno, & restituindo-lhe os bens, que nelle tinha, não quis encontrar o gosto, & ordem do Infante Dom Affonso, Porque fasendo seu testamento, instituiu por seu herdeiro universal ao mesmo Mosteyro de Pombeiro, mandando se sepultar na Galile delle, aonde se conservou seu tumulo ate tempo de nossos maiores à parte esquerda da dita Galile, quando entrão pera a Igreja, & depois pello tempo a diante se tresladou pera dentro della. Donde nasceu chamarem lhe Conde Dom Gomez Nunes de Pombeiro, sendo desta sorte mais conhecido pello muito, que deu, do que antes era pello muyto que tinha.

Outra doação há do mesmo Rey Dom Affonso, em que dá ao Conde Dom Gonçalo de Sousa hua propriedade de consideração que fora de Ordonho Echiques, & naquelle tempo a possuia elRey dentro do Couto de Pombeiro, dando lha com condição expressa, que elle a desse, ou deixasse ao dito Mosteyro, obrigando o pella palavra que lhe deu, quemadmodum nobis dixistis, et nobis, et vobis placuit, dis a Escritura feita na era de 1163. Assinão el Rey, & a Raynha Dona Mafalda, & estão sobre os nomes retratados os rostos delles ambos, el Rey com os cabellos Nazarenos soltos em melenas, & a Raynha com elles entra(n)çados & lançados a tras; & no meyo dos sinais esta hua resa mayor, & outra mais piquena sobre ella & por debaixo de suas folhas sahem os braços de hua crus meya branca, e meya preta, & ao pe esta de huma parte esta palavra (Regis) & de outra a letra S. Que vem a diser Sinal de elRey o qual como tão pio a crus, em q(ue) Christo subiu coroado de espinhas, quis elle até em papeis coroar de rosas. Assinão esta doação Pedro Pais Curia signifer, Fernandus Perez Dapifer Ioannes Archiepiscopus Bracharensis, Petrus Portugalensis, Odorius Episcopus Vizensis.

El Rey Dom Diniz, & a Raynha S. Izabel fez tambem doação a cita casa de Pombeiro da Igreja de S. Martinho de Val de Boyro, que era do Padroado Real. E rogo ( dis o Rey ) ao Arcebispo de Braga, que de seu outorgamento, e sa autoridade a esta doação que faço a Martim Perez Abbade do Mosteyro de Pombeiro, e aos mais, que depois delle a hi ouver, era 1339.

Alem destas doaçoens Reais achamos outras muytas feitas a este Mosteyro de Pombeiro pellos Senhores da familia dos Sousas, que erão padroeiros delle. Entre todas ellas há huma de muytas propriedades feita na era de 1110 q(ue) he anno de Christo de 1072, por Dom Gomez Echigas sexto ramo da arvore dos Sousas, como consta do capitolo antecedente, & por sua milher Dona Goldegroda, q(ue) assim lhe chama a escritura, a qual asinão seus filhos Payo Gomez, & Egas Gomez, & Sancho, ou Sanchila Gomez: a qual foy casada com o Co(n)de de Cella nova Dom Nuno pay de Dom Gomez Nunez, de que temos feito menção asima.

Dom Mendo o Sousão foy tambem grande feitor desta casa, & muyto seu devoto, & tão poderozo, que por amor delle, & à sua sombra fasião outros doaçoens a este Mosteyro de Pombeiro. Consta isto de hua escritura, em que hum Ieronimo Pays lhe faz doação de sete casais, & de certos maravedis de renda, & outras propriedades, & dis, que faz a dita doação Per manus de Domno Menendo Gonçalves, & logo mais abaixo acrescenta. Do, et concedo omnia ista pro remedio animae mea, et tali pacto feci istum plasum, ut Dominus Menendus teneat me in meam haereditatem in rectitudinem sicuti et suam, et me defendat de omnibus hominibus secundum suum posse etc. Era 1214 que he anno de Christo 1176. Na qual escritura duas cousas noto. A primeira ser este fidalgo Dom Mendo filho de Dom Gonçalo de Sousa tão devoto desta casa, que por lhe darem gosto, & por lhe fazerem lizonja lhe fasião doaçoes, & tão grandes, com era esta de sete casais, dinheiro de renda, & outras propriedades. A segunda cousa, que noto he ser elle tão poderoso, que por ficarem *a sua sombra, & de baixo de seu paro offerecião, & doavão a este Mosteyro so porq(ue) elle os defendesse, & emparasse, como mostra, & declara a escritura referida.

Dom Gonçalo Mendez de Sousa filho do dito Dom Mendo, & mordomo mór da casa Real. Como consta de muytas escrituras do cartorio do Mosteyro de S. Thirso, em que elle firma Mayor Domus Curiae foy grande benfeitor desta casa, & foy o que lhe deixou a quinta da Ferraria, trocando com o Mosteyro de Alcobaça, dando lhe por ella a quinta de Bracharena & o mais em dinheiro, como consta do Cartorio daquella casa no livro terceiro dos Dourados. He a data desta escritura, & doação de Pombeiro na era de 1268, annos asina nella o seu Cancelario, & o seu mordomo & outros officiais de sua casa, donde se colhe a grandesa della, a nobresa, & estado de Dom Gonçalo Mendez de Sousa. Este parece ser aquelle de quem escreve o P. Mestre Frey Bernardo de Britto, que teve ceumes de sua molher Dona Tareia Soarez filha de Dom Soeiro Viegas de Riba do Douro, & que ella se livrou destas sospeitas de seu marido pella prova do ferro quente, que em aquelles te(m)pos se uzava. E ficou livre, & sem lesão não lhe fazendo o ferro dannp algu(m); o que tudo passou na Cidade de Braga diante de elRey Dom Affonso o segundo, que chamarão o Gordo. E a innocente Senhora em fe vendo livre daquella afronta, & perigo de sua vida, recolheu se no Mosteyro de Arouca, aonde viveu, & morreu santamente, o que tudo consta de hua escritura daquella casa, cuja data he na era de 1254 que são annos de Christo 1216.

O Infante Dom Affonso Sanchez filho iligitimo de elRey Dom Diniz, & sua molher Dona Thareia Martins Senhores de Albuquerque fasem doação a este Mosteyro da Igreija de S. Mamede de Cepaes per estas palavras.

Saibão quantos esta carta de doação virem, como nos Dom Affonso Sanchez Senhor de Albuquerque, e mordomo mõr de elRey, e D. Thareja Martins as molher filha do Conde Dom Ioão Affonso co(n)sirando o muyto serviço, que o dito Conde Dom Ioão Affonso recebeu do Mosteyro de Pombeiro: e por que nós outro si somos ende padrois, e esgardando muytas oraçois, e muyto bem, que em esse Mosteyro fasem por o dito Conde, e por nós, e por aquelles onde nós vimos, e porende nós honrra, e serviço de Deos, e da Virgem Santa Maria sá Madre damos, e outorgamos para todo sempre ao Priol, e Convento do dito Mosteyro de Pombeiro pella alma do dito co(n)de Dom Ião Affonso o Padroado da bossa Igreja de S. Mamede de Cepaes etc. E por esta doação serão obrigados a ter, e manter pera sempre hum Capellão, q(ue) cante, e diga Missa de sobre Altar pella alma do dito Conde Dom Ião Affonso na sá Capella, que he em este Mosteyro de Pombeiro etc. Dada em Lisboa seis dias de Outubro Era de 1356 ann. q(ue) he de Christo 1318.

Advertimos aqui brevemente com o Donde D. Pedro titulo 57 q(ue) este Conde D. Ião Affonso de que tantas vezes se faz menção nesta Escritura. & que tinha Capella propria em Pombeiro, era descendente de D. Affonso Telles o velho, que povoou Albuquerque, & que foy bisneto de D. Soeiro Mendes o bom, & casado a segunda ves co(m) D. Tareja Sanches filha do nosso Rey Dom Sancho primeiro do nome, & de sua amiga Dona Maria Pais. E no que toca a seu casamento, & a sua propagação, o sobredito Conde D. Ioão Affonso foy casado com outra Dona Tareja Sanches filha delRey D. Sancho IV de Castella, & teve della duas filhas, hua chamada Dona Violante Sanches molher do Conde D. Martin Gil sepultado em S. Thirso; outra chamada Dona Tareja Martins casada com o dito Infante D. Affonso Sa(n)ches filho do nosso Rey D. Dinis, & de Dona Aldonça Rodrigues, que alguns disem foy da familia dos Sousas,

Estes Senhores pois como se mostra da sobredita doação, erão Padroeiros do Mosteyro de Pombeiro, o q(ue) declarão por aquellas palavras, ( E por q(ue) nós outro sim ende somos Padroes. ) E vesse isto mais claramente de outra escritura do Cartorio, da qual consta, que a dita Senhora Dona Tareja Martins queria vir pousar em humas casa junto ao Mosteyro, por que era Senhora das terras de Unhão perto delle allegando ser padroeira do mesmo Mosteyro; porem o Abbade lhe pos demanda, resistindo a esta oppressão, & elRey Dom Affonso o IV, deu sentença em Favor do Abbade, & seu Co(n)vento.

E he de notar, que as Cronicas, & Nobiliarios chamão a esta Senhora ( Dona Tareja de Menezes ) porem da escritura passada, & doutras desta casa, & de algumas do Mosteyro de S. Thirso consta que se não chamava senão Dona Tareja Martins, como huma sua Avó, & assim se assina em todas ellas. E Dom Affonso Sa(n)ches em huma escritura q(ue) se conserva no Mosteyro de S. Thirso expressamente diz, que elle, & sua molher Dona Tareja Martins são naturais de entre douro & Minho. Estão ambos sepultados no Mosteyro de S. Clara de Villa do Conde, que elles edificarão.

O Conde Dom Martim Gil, o que está enterrado em São Thirso Cunhado do sobredito Infante D. Affonso Sanches, deixou também a este Mosteyro de Pombeiro seiscentas libras ( que devião ser as que chamavão de prata) E declara que são duzentas por sua Alma, & quatrocentas por rezão de hum prazo, que o Mosteyro de Pombeiro lhe fizera. Deixo outras muitas doaçois, do dito Mosteyro de que abaixo faremos menção tratando de seus Abbades, Por agora basta saber, que he tradição antiga de quedá testemunho o Padre Fr. Ioão do Apocalipse, que tinha este Mosteyro tanto de renda, quanto em seus principios rendia todo o Reyno de Portugal, que conforme diz o P. M. Fr. Bernardo de Britto, rendia treze pera quatorze contos, que era muyto pouco pera hum Reyno, mas era muyto pera hum Mosteyro andar a parelhas na renda com a de hum Reyno todo E daqui devia de nascer o proverbio commum de Entre douro & Minho ( Melhor he Deos, que o Abbade de Pombeiro. )

Porem esta grandesa qualquer que fosse com a variedade & mudança do tempo se foy deminuindo de sorte, que quando o Cardeal D. Henrique pellos abbos de Christo 1568 mandou fazer inquirição do que tinhão, & rendião os Mosteyros de S. Bento, achou o Doutor Manoel Coelho, ( a quem o Arcebispo de Braga Dom Fr. Bertholameu dos Martires encommendou esta diligencia ) que tinha o Mosteyro de Pombeiro trinta e sete Igrejas annexas afora outras muitas, que os Arcebispos tomarão, e se perderão por não haver quem as defendesse, e que a massa toda do Mosteyro asi da mesa Abbacial, como da Conventual não chegava a quatro contos. »

Melhores cumprimentos,

Eduardo Albuquerque

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RE: Catálogo dos abades perpétuos de Pombeiro

#143128 | tmacedo | 06 fev 2007 09:29 | Em resposta a: #142347

Cara Isabel Pereira Coutinho:

A relação dos monges, com nomes e idades, na altura da extinção das ordens religiosas, deverá existir no ADB ou no ADP. Julgo que vindas das delegações distritais do Ministério das Finanças, por obrigações financeiras que o Estado assumiu para com os monges, pela nacionalização dos seus bens. Se o "seu monge" sobreviveu até esse período, lá consta. Muitas vezes até existem indicações da vida posterior, nomeadamente paróquias que pastorearam.
Há muitos anos consultei esses dados respeitantes ao distrito do Porto, procurando um monge beneditino de Arnóia. Infelizmente não sei a cota dos livros.
Com os melhores cumprimentos.

António Taveira

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RE: Catálogo dos abades perpétuos de Pombeiro

#143140 | Pato | 06 fev 2007 13:42 | Em resposta a: #143128

Caro António Taveira,

Muitíssimo obrigada pela sua preciosa colaboração.
Presumo que ADB e ADP, correspondem a Arquivo Destrital de Braga e Arquivo Destrital do Porto. Certo ?

Com os melhores cumprimentos,

Isabel Pereira Coutinho

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Pessoas ilustres sepultadas no Mosteiro

#143160 | Eduardo Albuquerque | 06 fev 2007 16:20 | Em resposta a: #142397

A título de mera curiosidade, aqui fica este traslado:

« De algu(m)as pessoas illustres enterradas no Mosteyro de Pombeiro

Muyta gente illustre daquelle tempo antiguo escolheo sua sepultura no Mosteyro de Pombeiro, huns pella devação, q (ue) tinham à Mosteyro tão insigne, outros pellos muyto siffragios, que nelle se fazião cada dia pellos Defunctos, & Bemfeitores. Dos que temos mais expressa noticia faremos ´so menção, porque bem he, que procuremos perpetuar a memoria, de quem de nos se le(m)brou na vida, & na morte.

A primeira pessoa a que devemos esta lembrança, he o Conde de Cela nova Dom Gomes Nunes chamado o de Pombeiro, o qual se mandou enterrar na Galile do dito Mosteyro ( como asima fica dito ) Porque em tempos antigos ninguem se podia enterrar dentro da Igreja por ser lugar dedicado particularmente a Deos, nem menos junto ao altar pela reverencia que se deve ao lugar em que se consagra o corpo, & sangue de Christo verdadeira vida nossa, como consta do capitolo do Decreto, praecipiendum est etc se com algu(n)s se dispensou no Concilio de Maguncia foi com os Bispos, Abbades, & Presbyteros dignos pelo procedime(n)to de sua vida, como consta do cap. Nullus etc no qual se diz assim. Nullus mortaus intra Ecclesiam sepeliatur nisi Episcopi, aut Abbates, aut digni presbiteri, vel fideles laici. Por esta palavra ( fideles laici) entende a Glossa, recebida por Durando de Divinis officiis, leigos santos, & que fação milagres. Todos os mais se enterravão no adro, no portico, ou lugares circum jacentes à Igreja; mas depois a piedade Christam admittio, que todos os Catholicos não tendo impedimento algum se podessem sepultar dentro dos templos ( como vemos que oje se uza.

O Conde pois Dom Gomes Nunes sepultado na Galilé de Pombeiro foy filho de Dom Nuno Conde de Cela nova ( a quem o Conde D. Pedro faz irmão do nosso glorioso S. Rozendo: & sendo assim ficava Dom Gomes sepultado em Pombeiro, sendo sobrinho direito de S. Rozendo. A may do dito Dom Gomes, & molher de seu Pay Dom Nuno, foi hua Senhora illustre da familia dos Sousas, chamada Dona Sancha Gomes, filha de Dom Gomes Echiques, & irmam de Dom Egas Mendes de Sousa, de quem falamos acima. Esta foi a ascendencia do Conde Dom Gomes de Pombeiro.

Sua descendencia, & geração foi a seguinte. Recebeo por molher Dona Elvira Pires filha do Conde de Trava Dom Pedro, da qual a geração que teve forão quatro filhas. A primeira se chamou D. Loba Gomes, q(ue) escolheo o estado de religiosa. A segu(n)da teve por nome D. Cjamoa Gomes q(ue) foi casada duas vezes como quer o Conde D. Pedro. Mas fosse o q(ue) fosse sobre estes casamentos, o que faz a nosso intento he, que D. Chamoa segundo o exemplo do Conde D. Gomes Nunes seu Pay, se mandou sepultar em Pombeyro ( como diz o Conde D. Pedro tit. 24 ) D. Chamoa Gomes que jas em Pombeiro.

D. Gonçalo de Sousa posto q(ue) está sepultado na Claustra do Real mosteyro de Alcobaça, penhor seu nos deixou q(ue) está enterrado no Mosteyro de Pombeiro. Porque hu(m)a filha sua chamada D. Tareja Gonçalves foy casada co(m) D. Vasco Fernandes, filho de D. Fernão Gomes por sobrenome Cativo, que foy filho de D. Gomes Conde de Sobrado Esta Senhora D. Tareja teve de seu marido D. Vasco hu(m) filho chamado D. Gil Vasques de Soveroso, o qual foi cazado tres vezes A primeira co(m) D. Maria Aires de Fornello amiga q(ue) foy dantes delRey D. Sancho primeiro do nome, & de quem teve algu(n)s filhos. A segunda vez foy cazado D. Gil Vasques co(m) D. Sancha Gonçalves de Veneja. A perceira vez cazou com D. Maria Gonçalves Giroa, & de todas estas suas tres molheres teve filhos & filhas, & emfim morre(n)do escolheo pera seu enterro o Mosteyro de Pombeiro ( como dis o Conde D. Pedro titulo 25 nestas palavras. Este D- Gil Vasques de Soverosa jas em Pombeiro, & foy tres vezes casado. Por onde dissemos que ainda que D. Gonçalo de Sousa era tão afeiçoado, & benemérito do nosso Mosteyro de Pombeiro não estava enterrado nelle, que penhor seu nos deixara que nelle escolheo sepultura, que foy seu neto Dom Gil Vasques de Soverosa tão illustre por seus pays, & tão felice na triplicidade de molheres com que foy casado, & ampla descendencia que dellas teve.

Outras muitas pessoas de que não temos tão clara notícia, escolherão sua sepultura no Mosteyro de Pombeiro principalmente da família dos Sousa, & dos de Riba de Vizela, te(m)do devação de se sepultarem aos pés da Virge(m) sagrada, cujo he o orago da casa pera a Raynha dos Anjos se lembrar, & interceder mais particularmente por ellas diante de Deos.

Ao Cedro chamou o nosso Rabano Raynha das Arvores, por ser a mais fermosa de todas, por crecer, & sobir mais ao alto, por não entrar nella podridão, & por estillar de si humas gotas de licor precioso ( a que chamão lagrimas de Cedro ) que te(m) virtude pera preservar as cousas de corrupção, & pera as perpetuar. Que a Virgem Sagrada seja Raynha de todas as puras creaturas, que deos criou he cousa muy notoria que seja entre todas tão fermosa pella excellencia da graça que Deos lhe communicou, que não tenha podre algum, ou falta que se lhe possa notar, o Espirito Santo o disse nos Cantares. Tota pulchra es amica mea, et macula non est in te: que cressece tanto em merecime(m)to, & sobisse tanto em graos de gloria, que todos os spiritos Angelicos lhe fiquem inferiores, a Igraja o canta, Exaltara es Sancta Dei genitrise super choros Angelorum ad caelestia Regna. E ella propria parece que o confessa comparando sse aos mais altos cedros do mo(n)te Libano, Quasi cedros exaltata sum in monte Libano. Considero so o que faz mais a meu intento, que he o licor precioso da interceisão da Virgam, que as preces, & orações co(m) que ella intercede, & roga a Deos por seus devotos, chamo eu lagrimas de cedro. Por que se as do cedro material tem a virtude que temos dito, a intercessão da Virgem Sagrada tem virtude, pera nos livrar da corrupção dos peccados, & das penas de que delles resultão, & alcançar aos fieis defuntos a perpetuidade da bem aventurança eterna, como consta daquella oração em que a Igreja pede a Deos, que por intercessão da Virge(m) lhes conceda a perpetuidade de sua gloria, Qua sumus ut Beata Maria semper Virgine intercedente ad perpetua Beatitudinis consortiumpervenire co(n)cedas. Se Alexandre dezia, q(ue) huma so lagrima de sua may Olimpia bastava pera apagar suas culpas que em cartas lhe referião, como não será poderosa a intercessão da May de deos & huma só lagrima deste Cedro sagrado, pera apagar as culpas, & penas de seus devotos.

Por esta rezão pois desejavão os devotos da Virgem ter sepultura no ;osteyro de Pombeiro, pera que ficando enterrados dia(n)te de seus olhos, a obrigassem a ter mais vivas lembranças delles diante de Deos, & participassem milhor do licor precioso de sua intercessão. E intercessão de tanto preço, de tanto valor, & efficacia, que se consideraremos, que os Santos todos pedem, & intercedem por huma parte, & que soo a Virgem intercede por outra, há esta intercessão da Virgem por si soo de ser mais poderosa, & mais efficaz pera com Deos, do que sera a intercessão de todos os mais Santos juntos em hum corpo. Assim o ensina o Religiosissimo, & doutissimo Mestre meu o Padre Francisco Suares. Porque assim o pede a dignidade de may, & a emine(n)tissima graça & charidade da Virgem Sagrada; Tocou esta razão agudamente o nosso Cardeal S. Pedro Damião falando com a mesma Virgem Accedis enim ad illud aurenm, reconcilietionis humana altare non solum rogans sed etiam imperans, domina no(n) ancilla. Nenhu(m)a cousa vos he impossivel Virge(m) Sanctissima, porque chegais aq(ue)lle altar douro, & propieiatorio da reconciliação dos home(n)s Christo Senhor Nosso, & Filho vosso, chegais não só rogando, senão tambem mandando porque não sois precisamente criada, senão Senhora, & Raynha. Palavras, ditas por exageração pera engandecer o poder, & efficacia da intercessão da Virgem, & no sentido em que costumamos dizer q(ue) o rogar dos Principes, & Senhores grandes he mandar. Alem de que os mais santos pedem a Deos como criados de sua casa, & de seu sirviço. A Virge(m) pede como may do mesmo Deos, & como Raynha do mundo todo, por isso pede como mandando & alcança quanto quer. Faz fogir ao Demonio serpente antigua, pera que não acuse seus devotos, propriedade do cheiro do cedro como diz a Glosa de Rabano, Odor cedri serpentes fugas, et interimit, segundo aquillo do Poeta Disse et odoruam stabulis intendere cedru(m).

Doutra maneira podemos explicar a sobredita authoridade de S. Pedro Damiano aproveitando nos da doutrina de S. Gregorio Magno no livro dos Dialogos no fim do cap. 33 aonde dis, que os santos, q(ue) mais devotamente servem a Deos de dous modos podem fazer obras milagrosas: hum q(ue) procedão de pedir, outro q(ue) procedão de poder. Prova isto co(m) S. Pedro , & co(m) o nosso gra(n)de Patriarcha; S. Pedro consta dos Actus dos Apostolos c. 5. resuscitou a Tabita, mas pedio a Deos, q(ue) a resuscitasce, foy milagre de petição. Matou a Ananias, & a sua molher saphira, não orou nem pedio a Deos que os matasse, dizemdo lhe só, não enganastes, nem mentistes aos home(n)s, senão a Deos, de repente cairão mortos, a seus pés. Foi miladre de poder Da propria sorte o grande P.S. Bento, qua(n)do deu vida ao menino q(ue) o Pay lençou morto à portaris de Casino, orou & pedio a deos Redde Domine in hoc corpusculum animam, quam tulisti. Foy milagre de petição. Mas quando soltou as mãos do Rustico, q(ue) hum tirano lhe atou cruelmente, não orou nem pedio a Deos que lhas desatasse, não fez mais q(ue) por os olhos nellas, & logo ficarão soltas. Foy milagre de potencia. Com muito maior rezão pois, podemos dizer da Virgem Sagrada, que algu(m)as cousas faz pedindo a Deos como creatura a seu criador, & como a superior debaixo de cujo dominio está: outras obra mandando com poder, porque do poder patrio que lhe convem, por ser verdadeira may de Christo Senhor nosso & do proprio Deos, nasce aquella gra(n)de prerogativa de poder mandar, & de Christo lhe ficar sojeito como filho, não com sojeição servil ( q(ue) esta lhe indigna da divina magestade ) senão co(m) a sojeição, que S. Ambrosio chama sojeição de piedade, non utique infirmitatis sed pietatis ista subjectio est. E como ensina S. Thomas na 22. q. 101. ar 3. a piedade he hu(m)a virtude especial com que os filhos honrrão os pays; Pietas specialis est virtus qua quis cultum, et ossicium exbibes parentibus. Veja sse Quirino Salazar no 2. tomo sobre os Proverbios c. 8. Versu XV. N. 141. Aonde elegantemente prova com Padres, & Auditores graves que Christo Senhor nosso nem por respeito da divindade, nem por rezão da união hipostaticha ficou izento, & eximido do patrio poder da Virgem sua may, & consequentemente nemdaquella sojeição de piedade. Notaveis são as palavras de S. Bernardino em q(ue) huma, & outra he verdadeira, Hac est vera propositio. Divino imperio omnia famulantur etiam virgo. Ao Imperio Divino todas as couzas estão sogeitas ainda a Virgem Sagrada, porque todas são servas, & depentes de su dominio supremo podendo fazer, & dispor dellas tudo quanto quizer. A segunda proposição tambem verdadeira he esta; et iterum haec est veras Imperio Virginis omnia Famulantur, etia(m) Deus. Ao mando da Virgem Sagrada todas as puras creaturas servem, & se sogeitão como subditos a Raynha, está tambem sogeito o proprio Deos como filho a may, Sed subjectio ista pietatis subjectio est. »

Melhores cumprimentos,

Eduardo Albuquerque

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RE: Catálogo dos abades perpétuos de Pombeiro

#143203 | tmacedo | 06 fev 2007 19:45 | Em resposta a: #143140

Cara Isabel Pereira Coutinho:

Presume muitíssimo bem.
Boa sorte.

Com os melhores cumprimentos,

António Taveira

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RE: Catálogo dos abades perpétuos de Pombeiro

#246262 | Jorge75 | 20 dez 2009 02:05 | Em resposta a: #142256

Bom Dia,

Caro Eduardo Albuquerque,

Antes de mais permita-me elogiar o sua disponibilidade para partilhar com todos os seus conhecimentos. Neste sentido e, "aproveitando-me" dos seus vastos conhecimentos, gostaria de obter alguma informação, caso a possua sobre o um Mosteiro Beneditino.

Eis o que sei:
1 - Construído em meados de 1085/1089 segundo Maria José Chorão (???)
2 - Veio a integrar o Mosteiro de São Bento de Avé Maria (actual estação de São Bento [CP] no Porto)
3 - Lá viveu e professou D.ª Froila Hermiges (Sobrinha-Neta de D. Egas Moniz o Aio)

A minha dúvida, uma vez que foi edificado em Fonte Arcada, qual das Fontearcadas se trata.
- Fonte Arcada, Penafiel?
- Fontearcada, Póvoa de Lanhoso?
- Fonte Arcada, Sernancelhe?

Abraço,
Jorge

NOTA: esta mesma senhora, D.ª Froila Hermiges, fez grandes doações à Ordem dos Templários por volta de 1222. A Ordem dos Templários instalou-se em Fonte Arcada, Penafiel, como prova um documento do pagamento do dízimo ao Bispo do Porto, que quando este viesse a Fonte Arcada, junto a Paço de Sousa.

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Mosteiro de Pombeiro (de Ribavizela) - FREI MANOEL JOAQUIM DE SANTA RITA

#420590 | anabcosta | 09 jan 2020 21:34 | Em resposta a: #142074

Estando a proceder a uma pesquisa de antepassados, encontrei num assento de casamento de 1817 (S. Mamede Infesta), mencionando que o enlace foi celebrado por Reverendo Frei Manoel Joaquim de Santa Rita, Prior do Real Mosteiro de Pombeiro àquela data, simultaneamente Irmão da nubente (Joaquina Rita do Espírito Santo, do Lugar de Moalde, S. Mamede Infesta - concelho de Bouças? -).

Atento o exposto, venho solicitar a colaboração no sentido da obtenção de mais dados/informações quanto à Pessoa do Frei Manoel Joaquim de Santa Rita.

Grata
Ana

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Mosteiro de Pombeiro (de Ribavizela)

#420593 | Jorge Resende | 09 jan 2020 23:04 | Em resposta a: #142074

https://pesquisa.adporto.arquivos.pt/viewer?id=480671 tif 761 batismo de Joaquina 1793 talvez o irmão fosse mais velho...

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#420607 | anabcosta | 10 jan 2020 18:41 | Em resposta a: #420593

Ora bem, eu não procuro a irmã, mas sim dados do Frei Manoel Joaquim de Santa Rita...

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#420608 | anabcosta | 10 jan 2020 18:51 | Em resposta a: #420593

Sim, consultado o assento de batismo da Joaquina, que fez o favor de enviar, confirmo que é o da irmã do Frei (ela casou com 24 anos). E o Frei será mais velho, de certeza. Vou retroagir nos assentos à data de 1793. Obrigada.
No entanto, procuro mais informações sobre a sua vida eclesiástica.
Grata
Ana

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#420610 | Jorge Resende | 10 jan 2020 18:56 | Em resposta a: #142074

Teria frequentado Teologia na Univ de Coimbra??? Quando apanhar o batismo dele, acescente mais 16, 17 ou 18 anos e pesquise nos Anuários da UC

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#420612 | anabcosta | 10 jan 2020 19:11 | Em resposta a: #420610

Muito obrigada pela dica.
Cumprimentos,
Ana

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#420622 | anabcosta | 10 jan 2020 21:59 | Em resposta a: #420610

Julgo ter encontrado assento nascimento do Frei, pois encontrei o documento de um Manoel... que nasceu em 9 de Maio de 1784, em S. Mamede Infesta, filho de José da Silva Cruz e Ana Maria de Jesus, neto paterno de Manuel André e de Isabel Cruz e materno de António Francisco dos Santos e Maria Antónia - mesmos progenitores da Joaquina referenciada.

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#424929 | Guiomar de Las Casas | 15 jun 2020 19:30 | Em resposta a: #142074

Dear All,

I'm searching also for my ancestors and I'm sure to find the answer in the history and church books of this mosteiro.
The person I'm looking for is Garcia I Mendes de Sousa, the son of Mem Viegas de Sousa and Teresa Fernandes de Marnel and brother of Goncalo Mendes de Sousa.
He was alferes-mor de Portugal during 1138-1141.
What's happened with him? Was he married? What have he done after this time?
I hope anybody can help me or know So eine who can give me an answer.

Thanks a lot
Sandra

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#428205 | anabcosta | 22 out 2020 19:46 | Em resposta a: #143128

Procuro dados sobre o Reverendo Frei Manoel Joaquim de Santa Rita que, em 1817, terá sido Prior do Mosteiro de Santa Maria do Pombeiro. Era natural de S. Mamede Infesta. Por acaso terá alguma informação sobre o referido Beneditino. Muito Grata.
Cumprimentos,
Ana Gonçalves

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